Como um líder democrático deixa seu legado para a
equipe – a experiência de 5 líderes
O que você inspira nos outros? Um líder transmite aprendizados sem impor
sua opinião, e seus valores ficam muito claros em suas atitudes diárias. Nos
novos e inovadores modelos de gestão, esse tipo de líder constrói consenso
através da participação coletiva. Ele é o que chamamos de líder democrático, pois procura coordenar as pessoas de forma
horizontal. Reunimos neste artigo opiniões sobre como o legado desse gestor é
construído.
Este é um modelo bastante reproduzido em pequenas e médias empresas. No
entanto, grandes companhias, principalmente da área de tecnologia, trazem uma
cultura de agregar grandes equipes e manter uma proximidade entre colaboradores
e gestores. É um ambiente em que a participação dos funcionários na tomada de
decisão é valorizada, incentivada e recompensada. Segundo reportagem da revista HSM Management de nov/dez 2016, “Hoje a execução de estratégias depende de criar um
ambiente em que as pessoas que executarão também participam das decisões
tomadas na elaboração da estratégia”.
Por outro lado, a liderança democrática e participativa encontra
desafios em situações de emergência, quando não há tempo suficiente para reunir
todos, ou quando colegas de equipe não estão informados o suficiente para
oferecer soluções estruturadas e válidas. Nesses momentos, o líder procura
buscar em seus próprios líderes e em sua experiência a força para resolver
problemas. Com equipes mais maduras, no entanto, é possível contar com a
cooperação de todos em momentos decisórios.
Primeiramente, o que é um líder
democrático?
Esse tipo de liderança propõe a troca de ideias entre subordinados e
líder com o objetivo de melhorar a satisfação e moral dos colaboradores. O
gestor deve assumir uma atitude de apoio, integrando-se ao grupo e sugerindo
alternativas. Um bom líder democrático toma atitudes adequadas para ajudar
quando necessário e incentiva os membros do grupo a participar, mas mantêm a
palavra final sobre assuntos importantes.
Neste caso, eventualmente, o processo de decisão pode ser muito mais
demorado. Outro ponto está relacionado à maturidade do time: uma equipe muito
jovem e inexperiente tende a não desempenhar bem nas mãos de um líder
democrático. Ele é mais recomendado quando há uma certa senioridade no time. O
excesso dessa liberdade em uma equipe sem experiência tende a prejudicar os
resultados.
O que um líder democrático precisa
saber hoje sobre o amanhã
Em um sociedade moderna e autocentrada, a tecnologia está modificando a
forma como as pessoas se comunicam e como as empresas se apresentam, o que
exige que os líderes modifiquem sua abordagem para se manter relevantes.
Se até pouco tempo os gestores muitas vezes enviavam um e-mail e sequer
obtinham resposta, hoje os aplicativos de conversação (Slack, Skype, WhatsApp,
Hangouts, entre outros) permitem uma comunicação instantânea, constante e mais
efetiva entre todos. O uso dessas ferramentas gera transparência e praticidade
nas conversas (eliminando reuniões ou ruídos). Como na adoção de qualquer
software, é preciso conhecer a necessidade da sua empresa e entender como você
vai incentivar o uso dela.
Um líder democrático, portanto, tem por característica estar aberto às
mudanças e não ter medo de um mercado dinâmico. Em artigo publicado no Inc., Matthew Jones, coach e terapeuta, listou algumas dicas cruciais que
todos os líderes precisam saber agora e para o futuro. Confira um resumo com 12
pontos:
1. Praticar o não-apego, respondendo
às novas tendências e tecnologias
Adapte-se ou será deixado para trás. O mercado não se importa com seus
sentimentos. A tecnologia poderá trabalhar a favor do seu negócio.
2. Aceitar a responsabilidade quando
as coisas dão errado
Sua capacidade de aceitar a responsabilidade mostra que ela não é uma
sentença de morte – é algo que transparece suas qualidades.
3. Prestar mais atenção à diversidade
cultural
Você precisa refletir a nova realidade da sociedade, agregando os mais
diversos tipos de experiências e identidades dentro e fora de sua organização.
4. Conhecer os valores e os
princípios da sua organização, ou tomar medidas para redefini-la
A integração das mídias sociais com identidades pessoais e profissionais
significa que agora você é seu negócio. Coerência e autenticidade são os
valores mais importantes para as gerações mais jovens.
5. Engajar-se em práticas de
autodesenvolvimento para minimizar pontos cegos
Todos nós temos deficiências e áreas de nossas vidas que poderiam ser
melhoradas se investirmos tempo e energia adequados. Se o seu negócio é um
reflexo de si mesmo, é hora de começar a tomar o autodesenvolvimento a sério.
6. Criar um espaço para todos
expressarem suas opiniões
As questões sociais não vão acabar. E é necessário que dentro da sua
equipe elas não sejam ignoradas e que todos possam opinar, sem julgamentos. O
silêncio cria falhas em sua equipe.
7. Tolerar pontos de vista opostos e
emoções desconfortáveis
Por mais difícil que possa ser, você precisa ser aquele que segura
sentimentos desconfortáveis ao invés de torná-los piores. A capacidade de fazer
as pessoas se sentirem ouvidas é o sinal de um líder eficaz.
8. Contratar quem acredita em sua
visão, mesmo que ainda não tenham habilidades ou experiência
Você pode ensinar habilidades e fornecer valiosa experiência de
aprendizagem, mas você não pode substituir motivação genuína, paixão e
afinidade com os seus valores (e com os da empresa).
9. Avaliar constantemente como você
pode melhorar
Se você já pede feedback, faça algo com ele. Se você ainda não pede,
comece. Ouvir o que os funcionários têm a dizer sobre você é uma das grandes
características do líder.
10. Contratar equipes diversas e
incentivar a colaboração
Empresas que abraçam a diversidade em vez de lutar com ela estão na
vanguarda da inovação porque são capazes de adotar perspectivas únicas.
11. Investir em seu negócio,
contratando consultores
Consultores podem fornecer insights e sugestões para melhorias. Empresas
que olham para o futuro observam pesquisas e demandam ajuda de especialistas.
12. Equilibrar a visão do futuro com
a apreciação do agora
Às vezes, passamos nossas vidas tão fixados no pico que não conseguimos
reconhecer a beleza da escalada. Líderes precisam se desafiar a reconhecer onde
estão – e o que realmente são capazes de fazer – sem deixar de olhar para o
futuro.
A experiência de 5 líderes
Para entender como, em sua rotina, os líderes constroem seu legado e
transmitem seu conhecimento para os colaboradores, conversamos com alguns CEOs
e gerentes de empresas de diferentes segmentos para levantar alguns temas.
Brandon Dowdy-Ernst, da Agency Entourage,
localizada no estado norte-americano do Texas, falou da importância do
autodesenvolvimento, já que este é um estado de constante evolução. “Se você
acredita que suas habilidades de liderança não podem ser mais aperfeiçoadas,
então provavelmente você não tem as habilidades fundamentais para liderar”,
diz.
Para ele, “liderar é provavelmente uma das coisas que mais exige
humildade na vida”. E fazer os objetivos e valores serem conhecidos pelos seus
empregados é imperativo à sua própria liderança.
Valores claros na rotina
Um dos aspectos mais importantes para os gestores é ser um representante
dos valores da empresa. Quando não há uma afinidade de algum colaborador com a
cultura, as habilidades pouco importam. Para Maria Fernanda Coutinho Rigotti,
Coordenadora dos cursos de no Arquitetura e Engenharia Civil da Anhanguera
Educacional, a motivação não é permanente: é como tomar banho,
precisa ser bem dosada e ser diária, e o entusiasmo é o que engloba isso.
“Um bom colaborador precisa, antes de qualquer coisa, acreditar no seu
próprio trabalho, e, como líder, procuro passar a mensagem de que o trabalho
exercido tem um propósito, vale a pena ser feito e que ele é de suma
importância a quem aquela determinada função vá atingir. No fim do dia, o tempo
de trabalho é tempo de vida, então, torná-lo prazeroso tornará sua própria vida
prazerosa”, diz.
Valor casado com objetivo
Os valores também podem combinar com o objetivo estratégico da empresa.
Muitas startups, por exemplo, nasceram com foco no cliente e valorizando o
relacionamento. Por isso, é imprescindível criar um vínculo com o cliente,
fazendo um atendimento personalizado. E isso deve ser construído também pelos
colaboradores.
“O que passo para a equipe é que ofereçam atenção ao cliente a tudo o
que ele precisar. Sempre peço para se colocarem no lugar do outro e refletirem
diante de uma ação difícil”, diz Gustavo Mota, CEO da We do Logos.
Transparência para engajar
Uma das melhores formas para manter os funcionários interessados nos
resultados é torná-los parte do negócio. Para isso, muitas empresas precisam
redesenhar a estrutura organizacional e a forma como trabalham para atender às
exigências do clima de trabalho e dos negócios de hoje.
A We do Logos, por exemplo, promove uma conversa informal a cada 15 dias
entre o CEO e os colaboradores. A cada trimestre, o líder também se reúne
individualmente com cada colaborador “assina” um compromisso do que precisa
melhorar na área de empresa, no trabalho e também no âmbito pessoal. Depois, no
dia da avaliação, ambas as partes dão notas para discutir os resultados
obtidos.
Já a startup de recrutamento CloserIQ, de Nova York,
acredita que o feedback deve se específio e oferecido em tempo real (tanto
positivo quanto construtivo). Segundo Jordan Wan, CEO da empresa, uma das
práticas mais eficientes são reuniões-almoço mensais com líderes da indústria e
especialistas. “Convidamos um palestrante que possa trazer experiências
interessantes e insights para nossos colaboradores. Pode ser um fundador de
startup, um investidor, um cliente ou alguém que é especialista em nossa
indústria”, conta.
A Badger Maps, de São Francisco, tem uma prática semanal de “microfone
aberto”, na qual todos falam sobre o que está acontecendo e o CEO, Steve
Benson, comunica qualquer nova ideia estratégica. “Nós também compartilhamos
uma apresentação na nuvem em que todos podem editar. Quando alguém se depara
com uma pergunta, ou descobre como fazer algo, pode criar um slide sobre o
tópico e, em seguida, qualquer pessoa pode se beneficiar dessa resposta”, conta
Benson.
Outro ponto levantado por Maria Fernanda, da Anhanguera, é sobre
conseguir passar informações e ideias de forma efetiva: “A comunicação é sempre
uma dificuldade para quem lidera, aliás, é a maior dificuldade. Clarificar
valores sempre fica mais fácil quando é passado pelas atitudes no dia a dia.
Deixar claros os valores somente com palavras nunca será suficiente”, acredita.
Leituras para fixar a cultura do
líder
A CloserIQ criou uma biblioteca interna e oferece reembolso pela compra
de novas obras. Os favoritos, que são recomendados na entrada de novos
colaboradores, são Give & Take (Dar e
receber, no
Brasil), de Adam Grant, e Delivering
Happiness (Satisfação
Garantida, no
Brasil) por Tony Hsieh, que fala sobre a “experiência wow”.
“Ao tomar
emprestados estudos de caso da indústria, acreditamos que eles podem ser uma
maneira poderosa de provar nossos valores culturais internos”, aponta Jordan
Wan.
Gustavo
Mota, da We do Logos, indica Jack Definitivo: Segredos do Executivo do Século, uma autobiografia de Jack
Welch, que foi Chairman da GE por quase 20 anos. “Nesse livro, ele relembra sua
trajetória na companhia e fala sobre a importância do trabalho em equipe, tão
essencial para seu sucesso profissional”.
A
coordenadora da Anhanguera Maria Fernanda indica Winning (Paixão
por Vencer, no
Brasil), de também de Jack Welch, e diz ser um dos melhores livros sobre o
assunto. E sugere também O Gerente
Minuto, de
Kenneth Blanchard, “um livro simples, porém, a liderança é baseada na
simplicidade de atitude”.
Fonte: https://blog.runrun.it/lider-democratico-legado/?utm_source=news&utm_medium=email&utm_campaign=blog-rdstation-14-12
Acesso: 15/12/2016