domingo, 20 de novembro de 2016

Assuntos da agenda da dupla gestora

10 assuntos que não podem faltar na agenda da dupla gestora

Pelo menos uma vez por semana, diretor e coordenador pedagógico precisam se encontrar para falar sobre o planejamento da escola. Veja quais são os temas mais importantes a tratar

Aurélio Amaral 

Reuniões de formação acompanhadas de perto. Foto: Tamires Koop
Reuniões de formação acompanhadas de perto Na EMEF Décio Martins Costa, em Porto Alegre, a diretora, Clarice Mezzomo (em pé), as orientadoras pedagógicas e as supervisoras se reúnem toda segunda-feira, desde 1999, para discutir o acompanhamento das atividades, avaliações e estratégias de ensino. É feita uma ata de registro e as informações são organizadas em fichas. Com base nelas, a equipe replaneja o bimestre e define o foco do conselho de classe. "Como o trabalho de coordenação envolve muitas pessoas, nessas reuniões afinamos o planejamento geral e o plano de formação dos professores", explica a diretora.
Nos corredores, no pátio ou na sala dos professores, diretor e coordenador pedagógico se encontram todos os dias. Nessas ocasiões, trocam comentários sobre o que está acontecendo no momento na escola, tratam de problemas pontuais e até decidem sobre alguma questão rapidamente, ali mesmo, em pé. Porém essas conversas breves não podem ser a tônica do contato entre os dois. Para assumirem definitivamente o papel de gestores que lhes cabe, os educadores que ocupam essas funções precisam se corresponsabilizar pelos rumos do ensino oferecido na unidade, discutirem os problemas e, juntos, encontrarem as soluções.

Para tanto, é interessante reservar um horário específico para que eles possam se sentar com calma, analisar os dados da escola e empreender as iniciativas necessárias. As reuniões periódicas entre a direção e a coordenação pedagógica são a maneira mais profissional de consolidar essa relação.

Mas por que toda essa formalidade? Ela é necessária? Sim, pois os encontros marcados - o recomendado é que eles aconteçam, no mínimo, uma vez por semana, de preferência em dias fixos - dão importância à parceria entre os gestores, ajudam a otimizar o tempo e impedem que assuntos de menor importância se sobreponham aos mais relevantes - que devem estar na pauta das reuniões. "Sem essa rotina, os imprevistos acabariam preponderando e as interrupções no dia a dia seriam tantas que não sobraria tempo para cumprir as atividades planejadas. E, no improviso, a discussão não adquire profundidade", argumenta Débora Rana, selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 na Categoria Gestor, e formadora de professores e coordenadores pedagógicos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.

Assuntos a tratar é que não faltam - como você vai ver nesta reportagem. Juntamente com consultores e duplas gestoras que já vivenciam uma rotina em comum, selecionamos os dez principais temas que devem estar sempre presentes na agenda conjunta desses líderes. Conheça também a história de algumas equipes que conseguiram planejar com mais clareza as ações pedagógicas para a escola depois de instituir o hábito de se reunir com frequência.
1 Organização do calendário escolar
Esse é um dos principais tópicos da pauta das reuniões, já que é preciso organizar a rotina interna, adequando as semanas de provas, as reuniões de pais, a entrega das notas e as finalizações dos projetos didáticos ao calendário fixado pela Secretaria de Educação. Vale lembrar que o planejamento dos professores para cada turma depende dessas definições. Durante as conversas semanais entre direção e coordenação, verifica-se se o cronograma está em ordem ou se é preciso revê-lo. Caso um feriado ou um programa de formação externo coincidam com um encontro pedagógico semanal, uma data alternativa será escolhida. Ela precisa se encaixar tanto no planejamento elaborado pelo coordenador como na organização do uso dos espaços - supervisionada pelo diretor.

2 2 Revisão do projeto político-pedagógico (PPP)
Esse documento - que traz os objetivos da instituição e os meios para alcançá-los - pressupõe uma revisão periódica. Uma ou duas vezes por ano, o assunto entra na pauta dos gestores para que eles identifiquem os passos seguintes para alcançar as metas e planejem as assembleias para debater as mudanças (como será a participação da equipe, como tornar o debate mais produtivo, o número de encontros etc.). E, depois de tudo isso, é preciso ainda definir quem vai formalizar e supervisionar as alterações no documento.

Equipe grande exige mais organização

Equipe grande exije mais organização. Foto: Raoni Madalena
Equipe grande exije mais organizaçãoNa EE Nidelse Martins Almeida, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, as decisões eram tomadas à medida que as demandas surgiam. Até porque, com uma equipe pequena, não era difícil conciliar horários com pouca antecedência. Porém, a partir de 2008, quando o grupo foi ampliado, isso ficou impossível. A diretora Maria Helena Guedes (em pé) percebeu que era preciso instituir um dia fixo para as reuniões: "Hoje, preparamos as formações, fazemos um balanço da semana anterior e checamos se as atividades previstas exigem ajustes".
3 Análise de resultados dos alunos
O desempenho dos estudantes norteia as ações da escola, por isso o tema vai estar sempre presente nas reuniões. O coordenador deve sistematizar em tabelas os resultados de avaliações internas e externas, o aproveitamento dos alunos nas atividades em sala e o progresso das turmas em um período e, em seguida, analisá-los com a direção. "O diretor está mais atento a questões extraclasse e esse olhar pode indicar novas soluções para um problema", diz a coordenadora Mônica Guerra, da Associação Parceiros da Educação, em São Paulo.

4 Elaboração de projetos institucionais
A escolha dos temas e das abordagens dos projetos está diretamente vinculada ao item anterior e à análise criteriosa que os gestores devem fazer para que as iniciativas estejam em consonância com as orientações do PPP. Ideias vindas da equipe ou dos professores, que colaborem para que os objetivos da escola sejam atingidos, podem ser integradas ao cronograma pela coordenação e ao planejamento da direção, que deverá prever os materiais necessários para a concretização das propostas. Se uma delas, por exemplo, previr atividades no contraturno, a equipe gestora terá de checar se existe sala vaga ou um espaço adequado e se é preciso ter um professor presente ou se um monitor dá conta de acompanhar os estudantes. A finalização do projeto, igualmente, demanda decisões conjuntas sobre a exibição da produção dos alunos e a participação da comunidade.

5 Formação dos professores em serviço
Esse assunto também costuma figurar na maioria dos encontros. Como responsável pela formação de professores, o coordenador pedagógico detecta rapidamente as necessidades da equipe docente - o que pode ser percebido inclusive com a análise dos resultados dos alunos. "Os registros dos professores e dos próprios coordenadores, feitos durante as observações das aulas, dão uma base mais concreta à tomada de decisão da dupla", explica Silvana Tamassia, consultora educacional e formadora na Fundação Lemann, em São Paulo. Muitos diretores até participam de reuniões dos formadores com os professores, mas isso não é obrigatório. O importante é que os gestores estejam de acordo com o foco definido, decidam como atender às necessidades de trabalho do coordenador pedagógico, providenciem um espaço específico, disponibilizem projetores de vídeo e busquem apoio junto à equipe técnica da Secretaria da Educação.

Em sintonia com a rede de ensino

Em sintonia com a rede de ensino. Foto: Diana Abreu
Em sintonia com a rede de ensino Até 2009, qualquer informação da Secretaria de Educação era repassada ao quadro docente da EMEI Antônio Roberto Feitosa, em Venda Nova, a 110 quilômetros de Vitória, por intermédio da direção, sem a participação de coordenadores. Isso fazia com que as orientações da rede nem sempre ficassem alinhadas ao PPP, prejudicando a compreensão por parte dos professores. A dupla gestora decidiu, então, sistematizar reuniões semanais e passou a tratar dos assuntos da Secretaria nos encontros de formação. "Hoje, para apresentar um projeto didático, discutimos qual será o foco e procuramos referências de escolas que fizeram ações semelhantes", diz a diretora, Teresa Margarida Hupp (de branco).
6 Diálogo constante com a Secretaria de Educação
As orientações da rede de ensino sobre as políticas públicas devem ser discutidas pelos gestores de cada unidade para que haja consenso sobre como elas serão apresentadas aos docentes e incluídas na pauta de formação. Da mesma forma, as necessidades dos professores que dependam de providências da Secretaria devem ser levadas pelo coordenador ao diretor para que faça a interlocução com a rede. Dessa maneira, ele terá informações mais detalhadas para fundamentar a requisição de, por exemplo, um profissional de Atendimento Educacional Especializado - cuja necessidade fica clara em registros de aulas da equipe docente - ou de cursos de atualização ou extensão, que se mostram importantes para o planejamento da formação elaborado pela coordenação.

7 Preparação do Conselho de Classe
Para essa reunião, que costuma estar na pauta da dupla gestora até quatro vezes por ano, é necessário retomar os registros dos diagnósticos e observar outros dados além das notas, como se os dias letivos do bimestre foram cumpridos. Para que o conselho se torne, de fato, um momento formativo, é essencial partilhar informações, observar as dificuldades institucionais e prever estratégias - quais serão as metas e a quem serão delegadas as missões.

8 Aquisição, uso e conservação de materiais
O que comprar, para que e como usar os materiais pedagógicos são questões que diretor e coordenador terão de responder juntos - e decidir também. Por isso, esse tema reaparece a cada nova demanda. O coordenador identifica as necessidades dos alunos e avalia o que precisa ser adquirido com mais urgência. Para evitar desperdício ou subutilização, os recursos - os adquiridos com verba própria e os recebidos pela rede - têm seus usos planejados nas reuniões da equipe gestora, garantindo que todos os alunos tenham acesso a eles. "Não se forma leitores com a biblioteca fechada", argumenta Neurilene Martins, coordenadora pedagógica do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep).

Decisões administrativas a favor da aprendizagem

Decisões administrativas a favor da aprendizagem. Foto: Raoni Madalena
Decisões administrativas a favor da aprendizagem Quando foi inaugurada, em 2009, a EMEF Conjunto Habitacional Sítio Conceição II, em São Paulo, pedia alguns reparos. Era preciso pintar paredes, trocar o piso e adquirir materiais. Graças aos encontros semanais com a coordenação pedagógica, o diretor, Anderson Adelmo, conseguiu identificar as prioridades de investimento para garantir o conforto na sala de aula. "Assumimos um espaço antigo e, para mim, a troca das lousas parecia ser o mais urgente. Mas, nas reuniões com os docentes, a coordenação apurou que os alunos se desconcentravam muito pela luz forte da tarde que entrava pela janela. Decidimos, então, comprar cortinas", conta Anderson.
9 Articulação com as famílias
Das reunião de pais às festas na escola, tudo passa pelo crivo da direção e da coordenação pedagógica - atentos sempre para saber se os eventos cumprem a finalidade de envolver a família na aprendizagem dos filhos e de divulgar o PPP. As reuniões de pais pedem uma atenção maior, pois é preciso decidir os assuntos a discutir e como abordá-los. Que pontos do currículo, e fora dele, devem ser debatidos? "Temas sem relação direta com o aprendizado, como drogas e violência, que são de interesse dos pais, podem influenciar o processo de ensino", relata Regina Giffoni Brito, professora da pós-graduação do departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

10 Mobilização dos segmentos escolares
Ao liderar os profissionais que trabalham na instituição, o diretor torna-se responsável por criar um fluxo de comunicação com cada segmento. O coordenador pedagógico, por acompanhar a prática docente, traz detalhes sobre a motivação e o desempenho dos professores, enriquecendo o repertório do gestor para dar devolutivas consistentes ao grupo. A pauta dos encontros com os funcionários, quando preparada pelo diretor e o coordenador, ganha um viés formativo. "Discutir as refeições com as merendeiras é também falar de alimentação saudável, um tema curricular. Daí a importância da articulação entre o administrativo e o pedagógico", diz Heloísa Lück, diretora do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap), em Curitiba.




Fonte:http://gestaoescolar.org.br/aprendizagem/10-assuntos-nao-podem-faltar-agenda-dupla-gestora-677027.shtml
Acessado em: 20/11/2016

Exame do trabalho escolar.


7 ações para examinar o trabalho escolar

Aproveite o fim do bimestre para refletir sobre o desempenho dos alunos, analisar as condições oferecidas e elaborar um plano de ação

Karina Padial

No começo do período letivo, diretor e coordenador pedagógico, junto com os professores, se reúnem para fazer um balanço do ano anterior, atualizar o projeto político-pedagógico (PPP) e planejar os meses seguintes. Eles reveem os conteúdos a ser trabalhados e as competências a ser desenvolvidas em cada segmento, analisam as principais sequências didáticas e decidem quais projetos institucionais serão mantidos, modificados ou iniciados. O tempo foi passando e, agora, mais um fim de bimestre (ou trimestre) se apresenta como uma grande possibilidade da comunidade escolar avaliar, com base em tudo o que foi previsto, como o processo de ensino tem acontecido.

Isso não significa apenas verificar quanto do livro didático cada turma conseguiu cumprir e decidir quais alunos serão encaminhados para a recuperação paralela. “É hora de olhar para a produção dos estudantes, os dados relacionados ao desempenho escolar, o trabalho desenvolvido pelo professor e as condições oferecidas pela instituição”, alerta Dayse Gonçalves, coordenadora pedagógica da Escola Carlitos, em São Paulo. E isso, segundo Elisabete Campos, pesquisadora do Observatório da Prática Docente, da Universidade Católica de Santos (Unisantos), não acontece apenas com um conselho de classe realizado em meia hora. “Planejamento é fundamental para que essas discussões, que devem ser coletivas, aconteçam em tempo e espaço adequados”, observa. Confira a seguir, sete ações que colaboram para tirar o melhor proveito dessa pausa avaliativa e traçar caminhos eficientes para os próximos meses.

1. Analisar os indicadores de aprendizagem

Uma semana é um bom tempo para diretor e coordenador pedagógico trabalharem juntos no levantamento de dados de aprendizagem – que inclui os índices de evasão, de aprovação e reprovação e distorção idade-série – e na retomada das metas estipuladas para essa área. As avaliações externas e internas podem servir de base para essa reflexão. Por meio delas, é possível identificar os conteúdos em que a garotada apresenta mais dificuldade.

Os portfólios individuais, com produções e atividades desenvolvidas ao longo dos últimos meses, também são instrumentos ricos em informação e permitem reconhecer o caminho percorrido por cada um. Comparar esse material com a sondagem inicial e com os resultados obtidos no bimestre ou trimestre anterior dá uma boa noção da evolução que as turmas e os estudantes tiveram. “Vale o alerta para não cair na armadilha de confrontar as notas de um aluno com as de outro, isso não contribui para identificar as necessidades dos que se saíram pior”, diz Neurilene Martins, colunista da revista NOVA ESCOLA e professora de Pedagogia do Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge), em Salvador. O mais importante é refletir sobre quais intervenções e projetos funcionaram e quais precisam ser revistos.

Uma planilha com critérios divididos em área é o pontapé inicial do trabalho desenvolvido na EMEF Alexsandro Nunes de Souza Gomes, em Canaã dos Carajás, a 709 quilômetros de Belém. Esse documento é preenchido pelos professores e analisado pela coordenação pedagógica para diagnosticar quantos estudantes atingiram o desempenho esperado, quantos não alcançaram e onde estão as principais dificuldades. “A cada bimestre ele é atualizado, de modo a permitir o acompanhamento do progresso conquistado por cada um e pela turma. E, no início do ano, ele é preenchido junto com o docente da série anterior, favorecendo a troca de informações com quem já conhece aqueles alunos”, explica a diretora, Luceni da Costa Ribeiro.

2. Observar as condições oferecidas pela escola

Para que o ensino e a aprendizagem ocorram de maneira adequada, alguns aspectos precisam ser garantidos, como o cumprimento do calendário escolar. Você pode analisar esse item respondendo uma série de questões sobre a realidade vivida por cada classe. Maura Barbosa, consultora de GESTÃO ESCOLAR, sugere algumas delas: quantos dias letivos estavam previstos e quantos, de fato, aconteceram? Quantas vezes os alunos foram dispensados mais cedo? Por quais motivos? Quantos professores substitutos atuaram em cada classe? Qual foi o período da substituição? “Ao visualizar essas respostas, a equipe gestora pôde descobrir que o 6º ano A teve o dobro de aulas de Matemática que o 6º ano B e que isso pode ajudar a explicar um desempenho inferior dessa turma nas atividades de cálculo”, afirma.

Avalie, também, a situação dos espaços escolares, todos eles considerados ambientes de aprendizagem. Um banheiro em boas condições contribui para a segurança dos estudantes e os ensina sobre higiene e conservação do patrimônio. Além desses aspectos ligados à manutenção predial, é necessário estar atento ao uso que se faz desses lugares. Áreas como a biblioteca e a sala de informática precisam contar com um cronograma organizado. Verifique, portanto, como e com que frequência elas vêm sendo aproveitadas e estabeleça metas e ações para aprimorar essas atividades, caso seja necessário.

3. Refletir sobre as estratégias didáticas

Ao longo do bimestre, a coordenação pedagógica produz uma série de materiais, como registros das observações de sala, relatórios sobre os momentos de estudo e análise dos planos de aula dos professores e dos cadernos dos alunos. Agora é o momento de rever tudo isso e construir um panorama do que está acontecendo em cada turma.

É preciso saber se as sequências estão adequadas às necessidades da garotada, se há atividades planejadas tanto para os estudantes que estão com dificuldade como para os mais avançados, de forma a garantir que todos sigam progredindo, se os diferentes recursos pedagógicos estão sendo bem utilizados e, em especial, se os horários de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) têm contribuído para melhorar as práticas em sala de aula. “É o olhar combinado para tudo isso que dá ao coordenador a possibilidade de identificar os pontos fortes e fracos de sua equipe e ajustar o planejamento das ações formativas para os meses seguintes”, observa Dayse, da Escola Carlitos.

4. Olhar para o trabalho da equipe gestora

Nesse momento de analisar todas as dimensões da escola, é fundamental a gestão incluir no pacote uma reflexão sobre suas próprias ações. Afinal, de que maneira suas práticas têm contribuído para que os alunos atinjam os objetivos de aprendizagem? Segundo Ângela Dalben, doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora do livro Conselhos de Classe e Avaliação – Perspectivas na Gestão Pedagógica (192 págs., Ed. Papirus, 19/3790-1300, edição esgotada), para realizar essa reflexão vale considerar os diversos âmbitos de atuação. “Entre eles estão a relação com a comunidade interna e externa, a formação em serviço, o acompanhamento do desempenho dos alunos, a realização de reuniões com a equipe e o monitoramento dos projetos institucionais”, pontua.

Para colaborar com esse momento, é interessante elaborar previamente algumas perguntas avaliativas que possam ser usadas ao final de cada período. Essas questões funcionam como métricas e ajudam a sistematizar as ações e identificar lacunas. Com isso, tem-se a oportunidade de aprimorar o trabalho e, ainda, comparar o que foi alcançado em um bimestre com outro e até em relação a anos anteriores.

5. Envolver os demais segmentos no processo avaliativo

A comunidade deve estar alinhada em relação ao que se espera alcançar em termos de aprendizagem. Por isso, é preciso pensar em diferentes estratégias que permitam a todos identificar os avanços alcançados. Para os docentes, vale organizar uma reunião para, com base em dados levantados previamente, retomar tudo o que foi feito, compartilhar o andamento das situações didáticas e os ajustes necessários e socializar as boas práticas.

Já os pais podem receber um questionário sobre o desenvolvimento da criança, a participação deles nesse processo e as ações da escola. “Quantas vezes seu filho tem tarefa de casa?”, “Você acompanha a realização dela?” e “Está satisfeito com a quantidade e a qualidade das lições?” são algumas das perguntas que valem ser feitas aos responsáveis. “Ao estabelecer esse diálogo, consegue-se perceber, por exemplo, uma família que tem mais dificuldade de colaborar e passa-se a buscar alternativas para isso”, observa Elisabete Campos, da Unisantos. A pesquisadora, no entanto, faz a ressalva de que a comunicação não pode se restringir ao preenchimento desse questionário. Ela precisa acontecer também por outros meios e em outros momentos.

Na EE Professor José Félix, em Potim, a 173 quilômetros de São Paulo, que atende o Ensino Médio, a direção divulga um resumo de todas as reuniões no blog da instituição e convida os alunos para participar de momentos como o conselho de classe. Para que essa participação seja bem aproveitada, os representantes dos estudantes e os docentes são orientados sobre a postura que devem adotar no encontro, sem fazer críticas ou ofensas pessoais e respeitando a vez do outro de falar. “É uma forma de ouvi-los e de compartilhar com os professores suas impressões em relação a questões pedagógicas e de comportamento”, conta a diretora, Sheila Duarte.

6. Aprimorar o conselho de classe

De nada adianta realizar todo o levantamento indicado nos demais itens aqui relatados se o conselho de classe se concentrar na apresentação de notas, problemas de comportamento e reclamações (leia sobre como desenvolver um projeto institucional de conselhos de classe aqui). As informações coletadas pela equipe gestora devem pautar esse encontro e colaborar para que ele seja, de fato, concentrado nas dificuldades individuais dos alunos e não naquelas que são comuns à maioria da classe. Assim, consegue-se identificar as causas do baixo desempenho de alguns estudantes e pensar em intervenções que ajudem a resolvê-las.

Também com base nos dados, deve-se refletir sobre a progressão que cada um conseguiu alcançar, a participação em sala de aula, os trabalhos realizados individual e coletivamente, a frequência e o comportamento. “Da mesma maneira, é necessário olhar para as práticas pedagógicas desenvolvidas, a articulação entre o plano de ensino e as atividades realizadas em sala e as ações paralelas de apoio educacional”, diz Dayse, da Escola Carlitos.

7. Definir um plano de ação

Depois de identificadas as necessidades, é hora de sistematizá-las e elaborar ações adequadas para cada situação. Projetos institucionais ou de formação podem ser planejados para resolver questões que atinjam boa parte da comunidade, como o combate à indisciplina ou o incentivo à leitura.
Para dar conta das dificuldades individuais, vale estruturar o apoio pedagógico ou aprimorar as estratégias já oferecidas pela escola. As possibilidades são muitas. Neurilene, da Unijorge, aponta três caminhos que podem ser desenvolvidos paralelamente. O primeiro é um trabalho na sala de aula em que o docente planeja diferentes tipos de atividades, abordagens e situações que ofereçam aos alunos novas possibilidades de aprender, garantindo que todos avancem em seus conhecimentos. Isso acontece, por exemplo, quando, em vez de um exercício no caderno, é proposto um jogo para ser realizado por uma dupla em que cada aluno se encontra em nível diferente de aprendizagem. O segundo prevê que durante o período letivo sejam organizados novos reagrupamentos temporários entre estudantes de diferentes turmas ou séries de acordo com suas dificuldades. Nesse caso, os docentes também são divididos conforme o conteúdo que mais dominam. O terceiro e último estabelece um horário no contraturno para o atendimento individualizado. “O mais importante é qualificar a ajuda. Não adianta ter esses espaços se a responsabilidade for transferida a um estagiário sem preparo. Gestores, professores e pais devem estar mobilizados e atentos à execução e ao cumprimento dessas ações”, finaliza Neurilene.

Fonte: http://gestaoescolar.org.br/aprendizagem/7-acoes-examinar-trabalho-escolar-884080.shtml
Acessado em 20/11/2016