terça-feira, 6 de setembro de 2016

O novo gestor escolar

O novo gestor escolar

Escrito por Roberta Braga

As mudanças na sociedade, nas famílias e na forma de as pessoas perceberem a vida são constantes. Ideais autoritários ficam cada vez mais enfraquecidos, e ações colaborativas ganham mais força. A escola como ambiente de convívio e educação é impactada por essas mudanças de comportamento. Nesse cenário, o gestor escolar passa a ter papel ainda mais importante, uma vez que a maneira como a escola é administrada pode refletir um melhor ambiente, tanto de trabalho quanto de aprendizagem.
Apesar de não existir uma receita pronta de administração que funcione em todas as escolas, alguns princípios ajudam a nortear o trabalho dos gestores. Educadores, teóricos e estudiosos apontam um caminho: o da descentralização, humanização e democratização da gestão. “A tendência é de uma gestão em que o poder é distribuído, em que existe incentivo ao trabalho coletivo e às decisões tomadas em conjunto com os envolvidos”, observa Helena Machado de Paula Albuquerque, doutora em Educação e coordenadora do curso de especialização em Gestão Educacional e Escolar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para a especialista, o momento atual pelo qual o sistema de ensino passa é o de perceber as novas necessidades e migrar, pouco a pouco, para esse tipo de gestão. “Nós ainda estamos engatinhando para perceber a escola como ela está e atender às necessidades reais do processo educativo”, considera.
Patrícia Mota Guedes, especialista em Gestão Educacional e gerente de Educação da Fundação Itaú Social, observa que a escola com perfil mais centralizador é um modelo que não se sustenta. “[Nesse modelo], se o diretor sai, todos são prejudicados. Além disso, as escolas acabam perdendo o potencial do restante da equipe, que pode ajudar na promoção da qualidade e da equidade de aprendizagem”, avalia. Essa realidade, segundo Patrícia, já pode ser percebida na prática com o enfraquecimento da ideia de que um bom diretor é centralizador, que manda e decide. “Uma liderança compartilhada, na qual o gestor sabe trabalhar em equipe e desenvolver outros gestores e lideranças, consegue alavancar mais resultados e colaborar de forma mais sustentável na transformação da escola”, enfatiza.
Nesse contexto, o gestor ideal é aquele que percebe o benefício que essas mudanças podem trazer para a educação e o ambiente escolar. “Experiências e evidências mostram que diretores que praticam uma gestão descentralizada têm conseguido alavancar os resultados de suas escolas, desenvolver suas equipes e relacionar-se com a comunidade escolar”, diz Patrícia. Dominar diferentes competências para além do conhecimento de conteúdos técnicos é uma das premissas desse novo profissional, que deve incorporar práticas mais humanas e democráticas no cotidiano da escola. Acompanhe a seguir algumas atitudes e alguns comportamentos que devem nortear o trabalho do gestor.
Conhecer a cultura organizacional
Um dos primeiros passos para uma gestão de qualidade é conhecer a escola em que se atua, de maneira a identificar as possibilidades e os desafios. Assim, a gestão poderá ser mais coerente com a necessidade de ensino específica. Conhecer os colaboradores e alunos – saber o que pensam e qual é o ideal de educação de cada um – também ajuda a traçar um panorama mais completo do ambiente escolar. Esse conhecimento auxiliará o gestor a decidir o perfil de sua atuação. “Uma determinada ação que tenha proporcionado êxito nem sempre se adequará a uma realidade diferente. Nesse sentido, os modismos podem levar a comprometimentos sérios na organização escolar, caso o gestor não entenda a cultura organizacional de sua escola”, observa Amaro França, diretor-geral do Colégio Sagrado Coração de Maria, do Rio de Janeiro.
Saber liderar
O bom gestor deve ser referência e suporte para as equipes gestora e docente, assim como uma liderança presente que acompanha os resultados e tem papel específico na garantia do direito à aprendizagem de cada um dos alunos. “Essa liderança irá alavancar mais resultados e colaborar de forma mais sustentável na transformação da escola se for compartilhada”, observa Patrícia. Isso inclui envolver a equipe, os alunos e a comunidade nas decisões. Para desempenhar o papel de líder, o gestor precisa ter competências das áreas de comunicação, supervisão e gestão de equipe, que serão necessárias em diferentes momentos, como em interações individuais com membros da equipe, reunião com familiares e ações com alunos. Para Amaro França, que coordena uma equipe de mais de 200 pessoas e é adepto de uma gestão mais humanizada, o verdadeiro líder é aquele que marca positivamente a vida de seus subordinados. “Digo que, quando a liderança torna as pessoas melhores, ela está cumprindo bem o seu papel. Se os colaboradores se tornam pessoas mais felizes, eles provavelmente se tornarão também profissionais melhores”.
Estar sempre perto e valorizar as relações
Um diretor que acompanha de perto o dia a dia da sala de aula e da escola e observa o trabalho dos professores e colaboradores consegue ser, efetivamente, um parceiro. Dessa forma, pode identificar com mais facilidade os desafios e dar o feedback necessário para a equipe. “Não estamos falando daquele diretor que entra na sala de aula para fiscalizar, e sim daquele que cultiva essa proximidade com o trabalho da equipe”, observa Patrícia, que reforça ainda que o gestor pode dividir essa tarefa com sua equipe gestora, mas sem se esquecer de que também é importante que ele se envolva pessoalmente. De acordo com Amaro França, é essencial primar pelo bom relacionamento com os colaboradores e professores, e isso é feito por meio da percepção e da valorização das pessoas que integram o ambiente escolar. “Promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas e criar um sentimento de pertença nos integrantes da equipe reflete diretamente na harmonia do todo e nos resultados da equipe”. O desafio, explica o diretor, é fazer isso com foco no bom resultado do trabalho. “As relações não devem ser embasadas apenas na afinidade, mas também em objetivos centrados na realização da missão organizacional da escola. O profissional precisa ter consciência de seu comprometimento, pois se ele não cumpre o que lhe é delegado e esperado, todos saem perdendo”, ressalta.
Dar autonomia e saber delegar
O gestor deve respeitar a autonomia de professores e colaboradores, de acordo com os níveis hierárquicos e as funções definidas para cada setor. Para Adriana Cury Sonnewend, diretora da Escola Santi, de São Paulo, e que desde 2009 coordena uma equipe de 90 pessoas, a autonomia é um ponto fundamental para a gestão. Ela enfatiza que o trabalho do diretor é o de estimular a criatividade e a liberdade dos colaboradores e, ao mesmo tempo, garantir que estejam de acordo com os princípios, os valores e a missão da escola. “A autonomia entra como um oposto da gestão centralizadora e é importante que ela venha com a responsabilidade. Precisamos garantir uma identidade única da escola, mas com espaço para as individualidades dos colaboradores”, afirma.
Saber delegar tarefas é outra atitude que deve fazer parte do dia a dia do gestor. Patrícia ressalta que o diretor não consegue – nem é isso que se deve esperar dele – ser especialista em todas as disciplinas da escola. Por isso, é necessária a formação de uma esquipe gestora, separada por áreas, de acordo com a necessidade de cada escola, para apoiar o trabalho do gestor. “Isso não deve tirar do diretor a responsabilidade de também cuidar de cada área, mas irá aliviá-lo de muito da operação do dia a dia. Além disso, na hora de supervisionar os processos administrativos e financeiros, por exemplo, é importante que o diretor tenha papel estratégico para garantir que os processos de outras áreas possam estar em benefício do pedagógico”, reforça.  
Identificar talentos e lideranças
Saber identificar e apoiar o desenvolvimento de outras lideranças em sua escola, incluindo professores, familiares, alunos e funcionários, é uma capacidade necessária para a formação de uma gestão compartilhada. Cabe ao diretor buscar formas de promover a equidade de ensino. Ao identificar as práticas de excelência na escola e compartilhá-las com a equipe, é possível contribuir para alavancar o trabalho de outros professores. Dessa forma, o gestor consegue promover a melhoria da igualdade do ensino.
Adriana conta que, na Escola Santi, os planejamentos estratégicos envolvem, em alguma medida, toda a equipe, “para que possam olhar a escola de outro lugar”. Desse modo, é possível detectar os potenciais e os talentos da equipe. A função do diretor inclui, ainda, contribuir para a formação do professor. “Defendemos um perfil de gestor capaz de fazer a formação do professor para atuar dentro da sala de aula e também indicar formações externas. Para qualificar o trabalho na sala de aula, o segredo é investir em formação”, observa a diretora.

Fonte: http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/reportagens/recursos-humanos-lideranca/914-o-novo-gestor-escolar
Fonte:06/09/2016

Professor Faltoso...

O que fazer quando o professor falta demais?


Alto índice de absenteísmo prejudica aprendizado. Foto: Shutterstock
A falta frequente de alguns professores é um dos dilemas do cotidiano escolar. Isso impacta diretamente no resultado da aprendizagem dos alunos e traz à tona questionamentos acerca da eficiência da escola. As ausências dos docentes, justificadas ou não, causam transtorno na rotina e dificultam o trabalho do diretor nas mais diversas situações, já que ele precisa agir com urgência, acomodando os alunos em outras classes e acarretando um descompasso no trabalho desenvolvido em sala.
Por onde começar?
Primeiramente, entenda o porquê das faltas. Mapear a natureza e o período recorrente das ausências favorece a compreensão dos motivos e contribui para a busca por soluções. Converse com os faltantes para investigar as razões.
Com relação aos alunos, dependendo da faixa etária, não é aconselhável dispensá-los. Alguns fazem uso do transporte escolar e não têm como voltar para casa em qualquer horário. A melhor ideia nesse momento de emergência é o deslocamento de funcionários para ajudar no atendimento e o desenvolvimento de atividades extras, sem prejudicar o andamento das atividades das outras salas.
Vale ter de antemão, também, um plano de substituição (que deve estar registrado no PPP) e um banco de atividades para ser colocado em prática quando a ausência ocorre. Isso te poupará dores de cabeça nos momentos em que os problemas surgirem.
Alunos não podem ser prejudicados
Se não tem professor em sala, o estudante não conseguirá aprender! Por isso, ao analisar os resultados de aprendizagem dos alunos, é necessário considerar as faltas dos docentes como uma das variáveis que levaram a estes dados.
A rotatividade dos educadores prejudica a constituição de uma equipe que consolida a proposta educacional da escola. Por isso, o absenteísmo deve ser encarado de maneira séria, como um prejuízo no processo de ensino e de aprendizagem.
Fonte: http://gestaoescolar.org.br/blogs/na-direcao-certa/2016/08/31/o-que-fazer-quando-o-professor-falta-demais/
acessado em 06/09/2016

Estresse de professores

Estresse: como lidar com o problema que mais afasta professores da sala de aula

Apenas no estado de São Paulo, 30 mil professores faltam todos os dias em decorrência do estresse. Saiba o que fazer para tratar este problema e ter uma vida profissional mais saudável

A maioria dos professores que atua na Educação Básica tem uma reclamação em comum: sofre de estresse ou conhece quem já passou por isso. Em geral, as causas apontadas são a frustração diante da precariedade dos recursos para o trabalho; a pouca autonomia para ministrar os conteúdos em sala; a violência escolar; a indisciplina dos alunos; a falta de apoio da gestão e da família dos estudantes; e a pouca formação - que faz falta em momentos decisivos no dia a dia em sala, quando o professor fica sem saber como agir.

As estatísticas de afastamento por estresse são alarmantes. Para se ter ideia, todos os dias no estado de São Paulo - que tem a maior rede de ensino público do país, com cerca de 250 mil professores - 30 mil professores faltam sob a justificativa de distúrbios psíquicos relacionados ao trabalho. Um levantamento do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Espírito Santo indicou que 50% dos afastamentos da rede municipal da capital Vitória tinham esta mesma causa. E em 2007, NOVA ESCOLA e Ibope fizeram uma pesquisa com 500 professores de redes públicas das capitais e os números foram semelhantes: mais da metade dos entrevistados se queixava de estresse.

Luísa* dá aulas há doze anos e já atuou na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Em 2010 ficou onze meses sem trabalhar devido a um diagnóstico de depressão causada por estresse. Os sintomas apareceram aos poucos e ela acredita que começaram quando ela acumulava turnos em mais de uma escola. Nas duas instituições encontrava dificuldades - classes com mais de 40 alunos sem auxiliar, falta de acompanhamento da coordenação pedagógica e condições inadequadas para trabalhar com alunos com necessidades educacionais especiais. Para buscar tratamento, recorreu a um médico particular, pois a rede não oferecia atendimento para seu caso, apesar da recorrência do afastamento docente ligada a problemas de saúde mental e ao estrese.

Para José Manuel Esteves Zaragoza, da Universidade de Málaga, na Espanha, o afastamento do trabalho é o primeiro mecanismo de defesa encontrado pelo professor para aliviar a tensão causada pelo exercício da profissão. Deixar a escola, ainda que temporariamente, seria a tentativa mais imediata para eliminar as situações que geram nervosismo e prejudicam sua saúde. E vale lembrar: o estresse não afeta apenas os professores brasileiros. Estudos internacionais indicam que docentes dos Estados Unidos, Espanha, Portugal, Austrália e outros países também apontam o cansaço mental como consequência das dificuldades do dia a dia da profissão.
A seguir, confira alguns caminhos possíveis para moderar o estresse no trabalho:

1. Contar com o apoio dos gestores:

Quando diretor e coordenadores pedagógicos assumem, de fato, a liderança da equipe e passam a acompanhar mais de perto o trabalho do professor, atendendo as questões que o afligem, a qualidade do ambiente escolar melhora. E a saúde de todos, também tende a melhorar. O primeiro passo para lidar com o problema é estabelecer espaços de diálogo com a equipe: "Falta um lugar físico e simbólico de troca nas escolas, para que o professor compartilhe o que sente com os colegas e onde possam surgir novas ideias e iniciativas para solucionar as questões que causam estresse e pioram a qualidade do ambiente escolar", explica Rosana Márcia Rolando, da Universidade de Brasília.


2. Preparar-se para lidar com a indisciplina dos alunos:

A falta de preparo para tratar das situações de indisciplina, violência e problemas de relacionamento que aparecem no dia a dia - uma das causas do estresse entre os professores - começa ainda na graduação. Rosana destaca que o relacionamento entre professores e alunos e os efeitos desta relação são pouco discutidos na formação inicial dos docentes. "Existe uma lacuna no currículo das faculdades e o estudante de Pedagogia ou de licenciatura não é preparado para lidar com situações reais de indisciplina. Quando ele se depara com os problemas do dia a dia não sabe o que fazer".


3. Conversar sobre o problema com a turma:

Realizar assembleias aproxima o professor dos alunos e faz com que todos se responsabilizem pela qualidade dos relacionamentos, à medida que as soluções para os problemas podem ser encontradas coletivamente. Para Mariana Wrege, coordenadora da pós-graduação em relações interpessoais da Universidade de Franca, o professor não precisa ser o foco de todo o conteúdo, mas deve abrir espaço para que os estudantes tragam informações sobre o tema estudado. Os alunos precisam reconhecer que são corresponsáveis pela própria aprendizagem.


4. Repensar o planejamento das aulas:

O alívio do estresse também depende da sua atuação, professor. Muitos docentes têm uma resistência em mudar a maneira de ensinar e em buscar alternativas para enfrentar melhor as reais causas do estresse. Além de repensar a forma como dá aulas, em busca de um ambiente mais democrático e cooperativo, e confiar mais na participação dos alunos, a formação contínua é um motor para mudanças positivas que beneficiam a aprendizagem e valorizam o trabalho do docente. Quanto mais o professor conhece e aprende, mais aplica o que sabe e aprimora sua prática. Vale também evitar o excesso de aulas expositivas, quando o tempo e a atenção voltados exclusivamente ao professor são grandes.


5. Investigar os recursos disponíveis na Secretaria de Educação:

As secretarias municipais e estaduais costumam desenvolver ações pontuais de orientação para os professores que enfrentam o estresse, mas elas ainda estão longe do ideal. Vale verificar, junto à gestão da sua escola ou à secretaria que tipo de apoio é oferecido para o enfrentamento de problemas de saúde decorrentes das más condições de trabalho.

Fonte: http://novaescola.org.br/conteudo/219/estresse-afasta-professores-vida-saudavel
acessado em 06/09/2016