quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Feedback com os funcionários

Como fazer uma reunião de feedback com os funcionários

Todos os membros da equipe precisam saber se o trabalho deles está sendo bem feito. E você, gestor, é quem deve dar o retorno sobre o desempenho

Aurélio Amaral (gestaoescolar@fvc.org.br)

Quando um chefe chama um funcionário para falar sobre trabalho, é para passar mais tarefas ou para dar bronca, certo? Pois não é assim que deveria ser. Uma conversa desse tipo se torna mais produtiva quando o objetivo é avaliar o que está sendo feito e dar orientações sobre como as atividades podem ser mais bem realizadas. Você, diretor escolar, como gestor, deve reservar em sua rotina momentos para dar feedback - nome em inglês para a nossa conhecida devolutiva, ou retorno - a todos os seus colaboradores. Afinal, não se pode esperar até o fim do ano para dizer ao auxiliar de serviços gerais, por exemplo, que os alunos não estão recebendo o pátio em condições ideais de limpeza na hora do recreio. "O feedback não pode ser um procedimento eventual, muito menos ser usado apenas em momentos de insatisfação. Ele é um instrumento de acompanhamento que deve constar da agenda do gestor e ter objetivos bem definidos", explica Renata Kurth, professora do departamento de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). 

Isso significa que o diretor deve sempre chamar seus colaboradores da equipe gestora e os funcionários para elogiar um trabalho bem realizado ou alertar sobre as atitudes que não condizem com o projeto político-pedagógico da escola. Faz parte das virtudes de liderança avaliar quando as intervenções pontuais são necessárias. Contudo, estabelecer uma frequência para essas conversas - que podem ser mensais, bimestrais ou trimestrais, de acordo com as características da instituição - tem algumas vantagens. Em primeiro lugar, isso possibilita levantar com antecedência as informações necessárias sobre o trabalho da pessoa para embasar o encontro. Dessa forma, as observações terão consistência e não se basearão apenas em "achismos". Além disso, a pauta bem definida facilita o diálogo e dá uma característica formativa a esses momentos. "Não se trata de criticar atitudes pessoais. A devolutiva é uma maneira de refletir sobre o papel de educador", explica Alaísa Favaro, formadora de gestores da Secretaria de Educação de João Neiva, a 76 quilômetros de Vitória. 

Para que a conversa aconteça sem atropelos, é preciso tomar alguns cuidados, como escolher o local adequado e ter uma postura acolhedora a fim de que o avaliado se abra para ouvir observações e propostas e se sinta à vontade para dar opiniões (leia o passo a passo de um bom feedback na próxima página). Sim, saber ouvir também é uma etapa importante. Para preparar para essa etapa, é interessante o gestor fazer uma autoavaliação, perguntando-se sempre se está oferecendo as devidas condições de trabalho e dando o apoio necessário à equipe. 

Após avaliar o desempenho e ouvir as observações feitas pelo funcionário, o próximo passo é se focar na proposição de soluções. Afinal, só faz sentido pontuar os erros quando há um planejamento para corrigi-los e nortear as futuras ações. Por isso, a devolutiva pressupõe um pacto entre ambas as partes de como e quando serão implementadas as mudanças. O ideal é que as metas sejam estabelecidas em conjunto. "Quando o educador tem a oportunidade de opinar sobre o que ele pode fazer para melhorar dentro de suas possibilidades, o comprometimento acaba sendo maior", diz Alaísa. 

Avaliação de projetos coletivos requer mais cuidados 

Questões pontuais de comportamento ou de desempenho individual devem ser tratadas em conversas particulares. No entanto, o feedback também pode ser feito coletivamente. Esse recurso é bastante útil para avaliar projetos e atividades que envolveram mais de uma pessoa. Mas atenção: nesse caso, deve-se redobrar o cuidado a fim não expor ninguém publicamente. E a cautela não pode se limitar a não citar nomes, pois, pela simples descrição do ocorrido, é possível saber de quem se está falando - afinal, o trabalho foi realizado em grupo. Por isso, não é bom ilustrar o discurso com exemplos. "O recomendável é analisar as consequências dos problemas sobre os resultados do projeto e, da mesma forma que no retorno individual, discutir e selar objetivos para que os próximos sejam mais produtivos", recomenda Renata.

Cinco passos para um bom feedback

A reunião de devolutiva com os funcionários deve sempre ser uma conversa franca entre o gestor e o profisional. Mas é preciso tomar alguns cuidados. Na hora de apontar as falhas, a objetividade é fundamental. Trazer à tona acontecimentos passados há muito tempo só faz sentido se eles tiverem conexão com o que vai ser discutido. Da mesma forma, as críticas e os elogios devem ser relacionados ao que acontece na escola. A seguir, as etapas de um bomfeedback.

1 Escolha o lugar adequado
Ouvir críticas sobre o próprio trabalho é uma situação que pode gerar desconforto. Por isso, marque uma reunião explicando qual é o assunto e escolha um local onde se possa conversar com privacidade e sem interferências.

Evite Abordar a pessoa de surpresa e em locais de movimento, como corredores e sala de professor.

2 Comece pelos pontos positivos
Reconheça o valor do profissional. Destaque as características que evidenciem a importância dele no grupo - a iniciativa de elaborar projetos didáticos, a capacidade de mobilizar os colegas etc.

Evite Ceder ao impulso de ir direto ao assunto que lhe incomoda. Analisar primeiro as qualidades indica que sua postura crítica é construtiva.
3 Aponte o que precisa mudar
Procure apresentar justificativas para as críticas, tendo cuidado de se dirigir apenas às atitudes. A um professor pouco assíduo, por exemplo, diga que as faltas atrasam o cronograma e os alunos perdem com isso.

Evite Afetar pessoalmente o interlocutor, por meio de frases como "você é uma pessoa irresponsável" ou "é difícil trabalhar com você".

4 Inverta os papéis
Pergunte se o funcionário está satisfeito com as condições de trabalho e o ambiente da escola. Peça sugestões de como melhorar os pontos em que ele julga haver falhas e sobre como você pode ajudar nesse processo.

Evite Elaborar perguntas muito amplas, que dão abertura a repostas vagas.

5 Estabeleça metas
O feedback não tem sentido se não tiver como foco resolver os problemas. Guarde por escrito as ações que devem ser colocadas em prática e peça para que a pessoa avaliada também tome notas. Por fim, agende a próxima conversa.

Evite Desconsiderar os registros das resoluções decididas nas reuniões anteriores. Eles devem ser o ponto de partida das próximas devolutivas.

Fonte:http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/como-fazer-reuniao-feedback-funcionarios-665165.shtml?page=0
acessado em 16/12/2015

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

50 ideias para começar o ano de 2016

50 ideias para começar o ano
Organizar bem seu tempo, planejar de acordo com as necessidades de cada aluno, promover um ambiente de cooperação... Confira essas e outras questões essenciais para o sucesso de seu trabalho na opinião de um grupo de 11 especialistas.
Para ser um professor eficiente, não basta ter boa vontade. É preciso estudar muito e sempre, dedicar-se, planejar e pensar em diferentes estratégias e materiais para utilizar nas aulas. Para levar todos - sim, todos! - a aprender, é essencial ainda considerar as necessidades de cada um e avaliar constantemente os resultados alcançados. Apesar de complexo, esse não é um trabalho solitário: com os colegas da equipe docente, você deve formar um verdadeiro time, apoiado pelo diretor e pelo coordenador pedagógico da escola. Seu desempenho, no entanto, só será realmente bom se você conhecer o que pensam os alunos e considerar que as famílias são parceiras no processo de ensino.

Com o objetivo de ajudar na reflexão sobre todas essas questões que fazem parte do trabalho e pensar em como aprimorá-lo, listamos 50 ações pedagógicas, divididas em oito categorias. Elas foram elaboradas por Alda Luiza Carlini, da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Christina D’Albertas, da Escola Vera Cruz, em São Paulo, Cleusa Capelossi, da Escola da Vila, também da capital paulista, e outros oito especialistas, que são citados nas próximas páginas desta reportagem.

Confira nas próximas páginas as ações propostas por eles. A sugestão é que você perceba o que já incorporou à sua prática e o que precisa incluir no seu dia a dia para fazer com que o próximo ano seja grandioso.

PLANEJAMENTO

1. Adapte o currículo da rede à realidade
Um plano de trabalho anual baseia-se no projeto pedagógico e nas orientações curriculares da Secretaria da Educação e deve estar de acordo com as necessidades de aprendizagem dos alunos da instituição.

2. "O trabalho em classe depende do que é feito antes e depois dele. Por isso, estude o assunto e pense nas melhores maneiras de ensiná-lo. Crie as condições para a aprendizagem."
Priscila Monteiro, consultora pedagógica da Fundação Victor Civita.

3. Adinistre bem o horário de trabalho
Distribuir os conteúdos pelo tempo das aulas é complicado. Para determinar as atividades prioritárias, baseie-se na experiência de anos anteriores e na de colegas. Pense na quantidade de horas que você vai dedicar aos estudos, à elaboração das aulas e à correção de tarefas.

4. Antecipe as respostas dos alunos
Cada problema proposto por você provoca um efeito no grupo. Os alunos podem apresentar respostas e dúvidas variadas e seguir estratégias diversas de resolução. Antes de iniciar a aula, pense em intervenções que colaborem para todos avançarem em relação ao conteúdo tratado.

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO

5. Selecione os recursos para cada atividade
A escolha dos livros que serão consultados pela garotada e a organização de materiais como brinquedos, calculadoras, jogos e letras móveis - enfim, de tudo o que será usado na aula - precisa ser feita com antecedência. Desse modo, todos terão à disposição os recursos mais adequados e úteis para a realização das diferentes atividades.

6. Reorganize a sala de acordo com a tarefa
A adequação do ambiente é o primeiro passo para um trabalho produtivo. Por isso, deixe-o arrumado de forma compatível com o que será realizado. Ao encontrar o pátio com cordas e bolas ou uma sala escura para ouvir histórias de terror, todos se envolvem mais com a proposta de ação.

7. Aproveite todo o material disponível
Não deixe que computadores e materiais específicos para o ensino de Arte ou de Ciências, por exemplo, fiquem encaixotados por falta de iniciativa ou medo de que estraguem. Se isso ocorre em sua escola, procure uma formação específica para utilizar esses recursos adequadamente e compartilhe essa atitude com seus colegas.

8. Não tranque os livros no armário
Obras de diferentes gêneros que compõem o acervo da escola precisam ficar disponíveis para consulta ou leitura por prazer. Em vez de deixá-las em armários trancados, coloque-as em uma sala de fácil acesso ou na própria classe, em prateleiras ou caixas à vista. Isso incentiva o hábito da leitura e o cuidado no manuseio das publicações.

9. "Manter os trabalhos dos alunos expostos faz com que aprendam a apreciar e valorizar o que é do outro e acompanhar o que foi feito por todos."
Roberta Panico, Diretora de Desenvolvimento Educacional da Comunidade Educativa (Cedac)

10. Peça ajuda para arrumar os espaços 
Ao terminar uma atividade, a responsabilidade por organizar a sala pode ser dividida com toda a turma. Deixar em ordem o ambiente compartilhado com colegas e professores de outras classes demonstra respeito aos demais.

11. Transgrida e mude sua prática 
Experimente novos materiais, varie o tipo de atividade e reveja estratégias constantemente. Evite induzir todos os passos dos estudantes e permita que encontrem outras formas de trabalho. Essa mudança de rumo alarga as possibilidades de aprendizagem deles.

GESTÃO DA SALA DE AULA

12. Exponha a rotina diariamente 
É essencial mostrar o que você vai ensinar, explicitando os objetivos, o conteúdo tratado, em quanto tempo isso vai se dar e como será a dinâmica. Sabendo o que têm a fazer, todos criam a expectativa correta diante da aula, se organizam melhor e se sentem mais seguros.

13. Negocie acordos com a garotada
Apenas exibir o regulamento que deve ser seguido na escola não convence crianças e jovens e, por isso, não funciona. Os famosos combinados também só são bem aceitos quando feitos coletivamente e não impostos por você de maneira disfarçada. Assim todos veem sentido nas regras e passam a adotá-las. 

14. Tenha interesse pelas ideias dos estudantes
Ao propor atividades instigantes, em que são levantadas hipóteses, conheça o pensamento de cada um. O que eles dizem sobre aquele assunto? Esse conhecimento é fundamental para conduzir a aula. Em vez de apenas corrigir erros, encaminhe o raciocínio dos alunos para que solucionem o problema.

15. "A lição de casa deve ser um momento individual de estudo, descoberta e reflexão. Seu objetivo não é, nem de longe, a repetição de exercícios que só reproduzem conteúdos vistos em classe."
Karla Emanuella Veloso Pinto, Educadora do Ano do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 de 2009 e professora de Geografia do Centro Educacional NDE UFLA, em Lavras, MG

16. Enriqueça seu trabalho com as parcerias
Se sua escola tem acordos com outras instituições, utilize os recursos disponibilizados por elas da melhor forma possível. Lembre-se de que essa ajuda deve complementar ou aprimorar atividades que estejam de acordo com o projeto pedagógico da escola e com os objetivos de seu planejamento.

RESPEITO À DIVERSIDADE

17. Ao formar grupos, junte saberes diversos
Seu papel na divisão da classe para atividades em equipe é fundamental. Considere muito mais do que afinidades e reúna aqueles com conhecimentos diferentes e próximos, que têm a aprender e ensinar. Explique que todos precisam atuar juntos para trocar informações - o que é diferente de cada um fazer uma parte da tarefa e juntar tudo no fim.

18. Acompanhe quem tem mais dificuldade
Não existem turmas homogêneas. Para atender os estudantes com diferentes graus de desenvolvimento, são necessárias estratégias variadas. Pense, com antecedência, em atividades que podem ser mais adequadas e desafiadoras para aqueles que não estão no mesmo nível da maioria.

19. Considere e valorize as competências
Para que aqueles que apresentam necessidades educacionais especiais a-prendam como os demais, busque a-juda na sala de recursos para fazer a-daptações em relação aos materiais usados, ao tempo reservado para as tarefas, aos conteúdos ensinados e ao espaço. Assim, o foco das propostas deixa de ser a deficiência e passa a ser as possibilidades dos alunos. 

20. "Valorize sua relação com a criança que tem algum tipo de deficiência para reconhecer suas necessidades: nada substitui o vínculo e o olhar observador."
Daniela Alonso, consultora na área de inclusão e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10

21. Fique atento à experiência de todos 
Em uma sala de aula, cada um tem uma história, vem de uma família diferente e tem uma bagagem de experiências culturais. Valorize essa heterogeneidade e note que a turma não tem uma só identidade, mas é o resultado das características de cada indivíduo.

22. Crie um ambiente de aceitação
Seu papel também é garantir que se estabeleçam relações de confiança e respeito. Por isso, torne constantes as propostas que proporcionam a cooperação, a amizade, o respeito às diferenças e o cuidado com o outro. 

23. Dê o exemplo e não se omita no dia a dia
Assistir a uma situação em que ocorrem desrespeito ou preconceito sem reagir não condiz com o trabalho docente. Ao ser omisso, você passa uma mensagem à meninada. Por isso, destaque os comportamentos éticos e não deixe que outro tipo de relação faça parte da rotina da escola.

AVALIAÇÃO

24. Faça sempre o diagnóstico inicial 
Antes de ensinar um conteúdo, faça o diagnóstico. Ele é uma ferramenta rica para registrar em que nível cada um está e o que falta para que os objetivos propostos sejam alcançados. Além disso, considere essas informações até o fim do ano. Elas são úteis para a análise do percurso da garotada.

25. Diga ao aluno o que espera dele 
Os critérios de avaliação devem estar sempre claros. Só quando o estudante sabe os objetivos de cada atividade e o que você espera, ele passa a se responsabilizar pelo próprio aprendizado. Essa prática é ainda mais importante do 6º ao 9º ano, quando há vários professores e é preciso coordenar diferentes maneiras de trabalho.

26. Documente os trabalhos significativos
Registrar as atividades e guardar as produções mais relevantes é importante para analisar o percurso de cada um e o que foi vivido em sala. Esse material é útil tanto para você orientar as próximas intervenções como para os pais e futuros professores conhecerem a vida escolar de cada estudante.

27. Avalie o potencial de aprendizagem 
Ao desafiar os jovens com questões sobre o que ainda não foi visto em sala, você analisa o percurso que estão construindo e a relação que fazem entre o conhecimento adquirido e informações novas.

28. Compartilhe os erros e os acertos 
O principal objetivo das avaliações não deve ser atender à burocracia, ou seja, determinar as notas a ser enviadas à secretaria. A função delas é mostrar a você e à meninada o que foi aprendido e o que ainda falta. Por isso, compartilhe os resultados pontuando os erros e mostrando como podem ser revistos.

29. "Na hora de avaliar, note três aspectos: o avanço de todo o grupo, as mudanças de cada estudante e o aprendizado dele em relação à turma."
Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)

30. Use a avaliação para mudar o rumo 
Propostos durante todo o ano, provas, seminários, relatórios e debates mostram o que a garotada aprendeu ao longo do processo. Essas ferramentas só são úteis quando servem para você redirecionar a prática e oferecer pistas sobre novas estratégias ou como trabalhar conteúdos de ensino. 

31. Reflita sobre sua atuação para melhorar 
A autoavaliação é preciosa para ajudar a perceber fragilidades. Todos os dias, ocorrem situações que permitem repensar o trabalho em sala e o contato estabelecido com a equipe e a família dos alunos. Coloque essas práticas em xeque: alcancei os objetivos? Consegui ensinar os conteúdos previstos? Em que preciso melhorar? Tendo isso claro, fica mais fácil buscar alternativas.

RELAÇÃO COM A COMUNIDADE

32. Paute as reuniões com os pais
Os assuntos tratados em cada encontro devem ser determinados de acordo com o que está sendo desenvolvido naquele momento com os alunos. Liste o que é relevante para os pais saberem e agende a reunião em um horário compatível com a rotina dos pais.

33. Faça parcerias com os responsáveis
A reunião de pais não é o momento de críticas, mas de favorecer a participação e a parceria deles com você. Para isso, diga como a escola vê o processo de aprendizagem e mostre a produção dos alunos.

34. Informe-se sobre os familiares 
Durante as reuniões, peça que os pais se apresentem e digam o que fazem. Anote tudo. Essas informações são valiosas para conhecer as profissões deles e pensar de que forma podem colaborar no desenvolvimento dos projetos didáticos. 

35. "Muitos pais não se manifestam nas reuniões porque não sabem quais são os objetivos da escola. Quando o professor apresenta informações como essas, a participação aumenta."
Ana Amélia Inoue, coordenadora do Instituto Pedagógico Acaia, em São Paulo, SP, e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10

36. Resolva as questões recorrentes
As reclamações citadas com frequência pelos pais devem, sempre que possível, ser levadas em conta para que sejam solucionadas rapidamente. Dar atenção às falas legitima a participação deles.

37. Olhe para o entorno e participe 
Levando em conta as características e as necessidades da comunidade em que está inserida a escola, proponha maneiras de organizar ações com o objetivo de alcançar o bem-estar comum e participe dos movimentos realizados pelos moradores, como o plantio de árvores no jardim e a reivindicação de segurança em relação ao trânsito local.

TRABALHO EM EQUIPE

38. Planeje com a ajuda dos colegas 
Uma aula só é boa se é bem preparada. Aproveite o horário de trabalho pedagógico coletivo para isso. Você pode compartilhar ideias, articular conteúdos e planejar projetos em conjunto, medidas indispensáveis para construir uma escola de qualidade.

39. Recorra ao coordenador pedagógico 
Para pensar as avaliações, dar ideias sobre materiais de uso em sala ou como trabalhar determinado conteúdo, o coordenador pedagógico é um belo parceiro. Convide-o a observar as aulas e indicar atividades e formas de aprimorar sua relação com o grupo.

40. Discuta sobre o ensino e a aprendizagem
Ao trocar ideias com outros professores, dê menos ênfase às questões de comportamento dos estudantes e mais às relativas à aprendizagem. Comente sobre o processo de cada aluno e questione se eles têm desempenho semelhante ao apresentado em suas aulas.

41. Priorize as relações profissionais 
Uma boa convivência entre os colegas de trabalho deve ser pautada pelo conhecimento, pela colaboração e pela cooperação. É assim que se constrói um ambiente de troca de experiências profissionais. Não crie muitas expectativas: fazer amigos na escola é lucro. 

42. "Tanto professores mais experientes como profissionais mais jovens podem ser seus parceiros. Respeite as opiniões deles."

FORMAÇÃO

43. Identifique e supere suas dificuldades 
O primeiro passo para buscar mudanças é determinar suas falhas. Invista no que pode ser aperfeiçoado: peça ajuda à equipe pedagógica, que pode indicar livros, busque na internet orientações para suas dúvidas e converse com os professores para se aprofundar em determinados temas.

44. Mostre seu trabalho em outros lugares
Depois de organizar suas produções, compartilhe-as com os colegas. Conte a eles o desempenho das classes e o resultado das atividades. Para dar mais  visibilidade e prestígio à sua carreira, amplie essa divulgação para a rede e inscreva-se em prêmios e congressos.

45. Aprenda com a prática dos outros 
Os cursos de formação são os momentos mais ricos para conhecer educadores. As experiências trazidas por eles podem enriquecer seu repertório, ajudando a lidar com diferentes situações. Com a mediação dos docentes que ministram as aulas, você pode refletir sobre casos reais. 

46. Continue os estudos para crescer sempre 
Faz parte do trabalho docente pesquisar e ficar em dia com o que há de novo na área. Veja os programas disponíveis no Ministério da Educação (MEC) e na sua rede de ensino. Antes de se inscrever em cursos online, verifique qual a metodologia e o material didático adotados.

47. Use a tecnologia para ensinar 
Muitos jovens devem ter melhor domínio do computador do que você. Se eles sabem usar a máquina, sua contribuição deve ser mostrar como ela pode ajudar a aprender os conteúdos. Procure capacitação para incorporar recursos que aprimorem o ensino da disciplina que você leciona.

48. Assista a palestras sobre sua área 
Para conhecer resultados de uma nova pesquisa, se aprofundar em algum assunto e ampliar um saber, assistir a palestras é uma boa opção. Por ser uma atividade passiva, ela não substitui a formação em que há a troca de experiências entre profissionais.

49. "O professor é alguém inspirador, seguido pelos alunos. Por isso, seja uma pessoa melhor ao diversificar seus interesses e conhecimentos e observar o mundo."
Ana Cláudia Rocha, diretora do Centro de Formação de Professores de São Caetano do Sul, SP

50. Procure planejar seu futuro 
Quer trocar de área e de escola, cursar outra faculdade ou uma pós-graduação? Faça uma ampla pesquisa para acertar nas mudanças, alavancar sua carreira e se tornar um professor melhor
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Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/50-ideias-2010-518585.shtml?page=0

Acessado em 08/12/2015

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Em busca da valorização do professor


Plano de carreira, melhores condições de trabalho e cumprimento do piso salarial são medidas que tornariam a profissão mais atraente
A história já é conhecida de muitos professores brasileiros: acordar cedo, enfrentar aulas e mais aulas em uma escola com infraestrutura aquém do ideal para, depois de uma manhã, uma tarde ou um dia inteiro, apenas mudar de colégio e repetir a rotina com novas turmas. A ausência de um plano nacional de carreira para professores tem feito os docentes se desdobrarem para conseguir melhores condições de vida. Entidades do setor já têm consciência disso, uma vez que a Meta 18 do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em junho de 2014, prevê que, no prazo de dois anos (ou seja, até meados de 2016), o país tenha planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e que, no plano de carreira dos profissionais da educação básica pública, seja tomado como referência o piso salarial nacional profissional. No entanto, com mais da metade do prazo estipulado pelo documento já percorrido, os educadores brasileiros ainda estão longe de contar com um plano de carreira bem estruturado e condizente com a realidade deles. “Ter plano de carreira para professores é fundamental: um profissional bem remunerado, com condições de trabalho adequadas, formação continuada e [possibilidade de] ascensão na carreira tem melhores condições de desenvolver o trabalho docente”, afirma Patrícia Cristina Albieri de Almeida, pedagoga e professora da Universidade Católica de Santos (Unisantos) e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (FCC).
Para a professora Marta Vanelli, secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), “o plano de carreira é um instrumento importante não só para valorizar o trabalho dos profissionais da educação, mas também para promover a qualidade da educação pública”. A ausência dele tem gerado problemas indigestos para a educação, na opinião de Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral do movimento Todos pela Educação (TPE). “Um deles é o fato de muitos professores temporários estarem há muito tempo nessa condição. São professores que não fazem parte do quadro estável”, afirma Alejandra, que destaca as poucas possibilidades de evolução na carreira como outro grande problema para os docentes. “A gente vê o que se chama de achatamento da carreira: o professor entra com certo salário e ele sai basicamente com o mesmo salário. Ele tem poucas possibilidades de evolução de carreira sem sair da sala de aula, o que é outro problema na gestão”, explica. “O professor, para progredir na carreira, pode fazer isso se tornando coordenador ou diretor ou indo para cargos administrativos. Como professor, ele só avança profissionalmente ficando no mesmo cargo, envelhecendo”, lamenta. Dados da pesquisa Conselho de Classe, realizada pela Fundação Lemann com apoio do Instituto Paulo Montenegro, que entrevistou mil professores do ensino fundamental da rede pública no 2º semestre de 2014, mostram que 74% dos docentes entrevistados sentem que ganham salário inferior ao de outros funcionários públicos com ensino superior e 72% se sentem subvalorizados em relação a funcionários de empresas privadas com o mesmo nível de educação. Essa percepção ocorre na realidade. De acordo com dados do Observatório do PNE, em 2013 o rendimento médio dos professores de educação básica em relação ao dos demais profissionais com a mesma escolaridade correspondia a 57,3%. A meta é, em 2024, chegar a 100%.
Um plano nacional de carreira também ajudará na diminuição das distorções regionais da remuneração dos docentes. De acordo com Binho Marques, secretário de Articulações com os Sistemas de Ensino do Ministério da Educação (MEC), em debate na Câmara dos Deputados em maio de 2015, apenas 13 estados e o Distrito Federal cumprem com o piso salarial estipulado para 2015, que é de R$ 1.917,78. Para Alejandra, essas diferenças são um grande obstáculo que ainda precisa ser superado. “O Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] foi, sem dúvida, um indutor da redução da desigualdade nos investimentos em educação, mas temos ainda municípios que vivem desse repasse per capita. Por outro lado, há municípios que complementam com bastante recurso esse [repasse] mínimo do Fundeb”, explica a representante do TPE. “Enfrentamos a mesma situação com o piso salarial [dos professores]. O piso salarial vai garantir um mínimo quando todos o aplicarem, mas não significa que as desigualdades vão deixar de existir”, acrescenta Alejandra. Marta Vanelli, por sua vez, relembra a proposta do CNTE, aprovada na 2ª Plenária Intercongressual da Confederação, em agosto de 2015, que prevê o estabelecimento de piso salarial e diretrizes nacionais para os planos de carreira de todos os entes filiados à confederação e para todos os profissionais da educação. Tanto o piso como a carreira devem ter como referência a formação profissional dos educadores e seu financiamento se daria por meio da implementação do Custo Aluno Qualidade (CAQ), previsto no PNE. “O CAQ visa equalizar o atendimento escolar no país, por meio de um ‘custo-aluno’ per capita que contemple os insumos indispensáveis à oferta de educação de qualidade. A valorização dos trabalhadores em educação inclui o CAQ”, explica a secretária-geral do CNTE.
Além do salário
A pesquisadora da FCC Patrícia Almeida lembra que o processo de valorização da carreira docente, contudo, não se limita ao aumento da remuneração e ao cumprimento do piso salarial. “O esforço deve ser nesse sentido; entretanto, ainda há muito por fazer. A questão da falta de reconhecimento social desse profissional ainda é forte, há um senso de injustiça que percorre a categoria. É preciso lembrar que propiciar a qualidade de ensino perpassa pela estruturação da carreira do magistério”, afirma a pedagoga. Patrícia destaca uma série de ações que deve ser realizada paralelamente ao aumento do salário para valorizar a profissão, como repensar a formação inicial e continuada dos professores, fortalecer os cursos de licenciatura nas universidades e estruturar centros de formação de docentes similares às escolas de Direito e de Medicina (confira no box outras sugestões da especialista). “É urgente o desenvolvimento de políticas que tenham como prioridade não só a valorização do magistério, visando evitar o declínio da profissão docente, mas [garantir] que as pessoas que optem pela docência sejam de fato assistidas em sua formação inicial e em seu desenvolvimento profissional”, afirma.
Alejandra considera que as condições de trabalho também são um elemento importante para a melhoria da carreira docente. “A possibilidade de se exercer a profissão com condições ideais de infraestrutura na escola, um bom clima – o que depende do diretor – e recursos que a gestão disponibiliza são fatores importantes”, diz a coordenadora do TPE. Marta defende uma série de outras medidas para ampliar o reconhecimento da importância dos docentes, como fortalecimento dos projetos político-pedagógicos das escolas, democratização da gestão dos sistemas de ensino, combate à violência nas escolas, implementação de um sistema de atendimento à saúde física e mental dos educadores, garantia de acesso à qualificação profissional permanente, respeito à lei do piso sem redução de direitos nos planos de carreira e garantia da jornada extraclasse dos professores. “São ações que já contam com previsão legal, mas que encontram muitas barreiras para serem efetivadas”, critica a representante do CNTE. “É preciso vontade política dos gestores públicos para viabilizar o que o Brasil já elegeu como prioridade para a escola pública e seus profissionais”, complementa.
Desinteresse
As especialistas também apontam a necessidade de se trabalhar a percepção que a sociedade tem dos educadores. Hoje são poucos os jovens que desejam seguir na carreira docente – conforme pesquisa realizada pela FCC em 2009, apenas 2% dos estudantes egressos do ensino médio desejavam cursar uma licenciatura, os quais destacaram a falta de um referencial positivo para a carreira docente. “O próprio jovem identifica que, em uma sociedade em que as oportunidades no mercado de trabalho foram ampliadas, a atratividade da docência como possibilidade de estabilidade financeira e reconhecimento social vem diminuindo”, afirma Patrícia Almeida, uma das coordenadoras do estudo. Patrícia destaca a fala de uma jovem, classificando-a de elucidativa: “Hoje em dia, quase ninguém quer ser professor. Nossos pais não querem que nós sejamos professores, mas eles querem que existam bons professores. Mas como haverá bons professores se meu pai não quer, o dela não quer? Como é que vai haver professores? Aí fica difícil, não é?” (Cláudia, aluna de escola pública de Feira de Santana – BA).
A equiparação salarial citada anteriormente é uma das propostas de Marta Vanelli para mudar esse cenário. Para Marta, “é preciso passar a mensagem de que os trabalhadores das escolas públicas são profissionais com a grande responsabilidade social de formar gerações de brasileiros e brasileiras. Por isso, o cumprimento da Meta 17 do PNE, que prevê equiparar a remuneração média do magistério à de outras categorias profissionais, nos próximos cinco anos, é fundamental”. Ela também acredita que é preciso resgatar o prestígio da escola pública para, consequentemente, melhorar a percepção da profissão. “Atualmente, 80% das matrículas escolares são públicas e não é mais possível conviver com um modelo de escola que, no senso comum, ‘condena’ a maioria de nossas crianças e jovens”.
Alejandra Velasco faz referência à campanha 5 Atitudes pela Educação, promovida pelo TPE. “Uma dessas atitudes é promover a valorização da educação e do professor por parte dos pais”, cita a especialista. “Muitas vezes, falamos mal da escola do filho, dos professores, e isso gera uma carga simbólica para ele, que começa a perceber que a educação não é importante, que a educação que ele recebe não é uma educação de qualidade, e que o professor não está bem preparado. Isso gera um clima desfavorável à educação”, acredita Alejandra. Ela também destaca a formação docente como um elemento essencial para a valorização dos professores. “O professor é o insumo mais importante da educação, por isso é fundamental que ele tenha uma formação inicial de qualidade e mantenha uma formação continuada, com relação estreita com a sala de aula”, afirma. 
Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/reportagens/gestao/1356-em-busca-da-valorizacao-do-professor
Acessado em 03/12/2015

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Os mosaicos da gestão escolar

Certa vez, no aeroporto de Porto Alegre, num desses atrasos de voo que encaro com frequência, comecei a observar mais cuidadosamente a decoração do lugar e notei, em detalhes, a beleza e a técnica com que foram construídos os mosaicos que decoram a sala de embarque. Ao observar as figuras de certo ângulo e distância, pude pensar mais detidamente na genialidade da estratégia de construção dos mosaicos. Só conseguimos ver o todo sob alguns ângulos ou se nos afastarmos. Ao ficarmos muito próximos, não distinguimos a figura e temos a sensação de uma imagem confusa e embolada. Para passar o tempo, fiquei me aproximando e me afastando dos mosaicos, quando, numinsight, veio-me à mente o processo de gerir uma escola.
Uma pesquisa da Fundação Victor Civita, realizada com milhares de gestores escolares brasileiros,constatou que a principal característica da gestão escolar em nosso país é envolver-se em caráter cotidiano e permanente com as questões e os processos operacionais da escola. Nessa pesquisa, gestores afirmaram não atuarem na esfera estratégica porque o cotidiano consome todo o tempo. “Quando vejo, já está no final do dia e não consegui fazer quase nada”, afirma grande parte deles. Esclareçamos a analogia com os mosaicos. Ao mergulharem e permanecerem tão perto dos problemas cotidianos, os gestores não conseguem ver o todo de sua escola e, com isso, muitas vezes não encontram as reais soluções para os problemas, trabalhando com paliativos que, em geral, provocam novos problemas. Uma postura estratégica exige que possamos ver o processo como um todo, pois só assim conseguiremos perceber as reais causas dos problemas. Quem está mergulhado no problema geralmente não consegue enxergar a solução. A atitude do gestor precisa ser semelhante àquela que eu estava tendo naquele aeroporto: aproximar-se e afastar-se em diferentes ângulos para perceber o mosaico de perto e de longe.
Não estamos dizendo que o gestor não deve se envolver nas questões cotidianas da escola. Estamos, sim, enfatizando a importância de sua postura ao envolver-se com tais problemas. Estamos dando destaque ao olhar específico que ele precisa ter em relação ao que vê. Deixar-se envolver completamente pelo cotidiano da escola é uma atitude compreensível, mas que impede o real processo de gestão. É como se todos, incluindo o gestor, estivessem mergulhados nos problemas e nos conflitos. Quando isso ocorre, é preciso que chegue alguém “de fora” para conseguir enxergar as reais causas e as possíveis soluções. Ao envolver-se com os problemas cotidianos, o gestor escolar deve manter o olhar de observação e análise para depois e, ao afastar-se, ter condições de perceber a questão inserida no todo de forma sistêmica. Ao se envolver no recreio, por exemplo, deve fazê-lo com o objetivo de identificar possíveis problemas ou oportunidades de melhoria no processo. Ao afastar-se, terá melhores condições de definir o que fazer. Mas se passa a se envolver todos os dias no recreio da escola, acaba consumido pela miopia do cotidiano.
A principal característica do gestor é exatamente esta: a capacidade de inserir-se nos processos para conhecê-los a fundo e afastar-se deles para analisá-los, ao mesmo tempo, com lógica e bom senso. O segredo está no olhar. O gestor deve envolver-se no cotidiano, mas estar constantemente atento à sedução de ser absorvido por ele. Lembremos: mosaicos só são vistos num movimento constante de aproximar-se e afastar-se.

Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/colunistas-ge/julio-furtado/1187-os-mosaicos-da-gestao-escolar
acessado em 01/12/2015

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O dever de informar

Toda escola, particular ou pública, assume obrigações principais e acessórias ao desenvolver sua atividade. Como objetivo principal de sua existência, o dever de ministrar conhecimentos a seus alunos, seguindo os rumos definidos em seu plano pedagógico, parece ser a mais evidente de suas atribuições. 
Mas há deveres adicionais, que por seu caráter acessório, às vezes passam despercebidos pela maior parte dos gestores, mas estão contidos nas normas legais educacionais e devem ser cumpridos à risca.
Como decorrência direta do trabalho educacional desenvolvido para o alunado, o dever de informar constitui tema dos mais relevantes, e que costuma ser a base para as mais variadas reclamações – judiciais e extrajudiciais – originadas das famílias contratantes.  Não por acaso, a transparência é um dos princípios do direito do consumidor, e a Lei nº 8.078/1990 pressupõe, em seu art.6º, III, a “informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”.
Consideremos que as aulas são lecionadas a alunos prioritariamente menores de 18 anos. Ainda que sejam usuários finais dos serviços, a prestação de contas sobre seu desenvolvimento pedagógico será feita necessariamente aos responsáveis legais. Por isso, a necessidade de se expedir boletins, avisos e circulares, e periodicamente prestar esclarecimentos às pessoas nas reuniões de pais não é apenas uma gentileza, mas sim a atenção ao cumprimento dessas normas acessórias.
Nessa mesma esteira, a informação necessária aos órgãos públicos – sobretudo as secretarias de Educação, conforme a localidade do estabelecimento em questão – tem como justificativa social o interesse coletivo para o desenvolvimento do ensino como um todo. Por isso, são colhidos dados estatísticos e registrados todos os alunos das escolas públicas e privadas num mesmo sistema de cadastro.
Se há o dever de informar por parte da escola, também há limitações claras quanto ao objeto dessa informação. A Lei nº 12.013, de 6 de agosto de 2009, por exemplo, obriga a “informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola”.   
Isso significa a obrigação de prestar contas sobre o andamento escolar a qualquer um dos pais do aluno, independentemente de residirem com a criança ou terem assinado o contrato com a instituição de ensino. Entretanto, se a informação desejada se refere aos dados financeiros, o gestor só poderá revelá-los ao seu contratante formal, eis que estão protegidos pelo sigilo cadastral.
Fonte: http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/colunistas-ge/celio-muller/271-o-dever-de-informar
acessado em 20/11/2015

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A importância jurídica da agenda escolar

Desta vez falaremos sobre um tema que parece simples – e costuma ser mesmo –, mas que pode trazer complicações ou benefícios para o gestor educacional, conforme o uso que se dá a este item da lista de materiais tão comum no ensino básico: a agenda do aluno.
Primeiro vamos visualizar a sala de aula. Algum pai está presente? Certamente não, pois, se algum deles entrou, estará apenas perdido pelo prédio. Não é o lugar deles. Então de que forma a família terá conhecimento do que se passa naquelas horas do dia em que o filho se transforma em aluno e recebe os serviços contratados de nossa escola?
O boletim é insuficiente, pois é só um resumo de notas e frequência. As reuniões de pais são muito espaçadas e aguardar as mães nos procurarem em secretaria não parece razoável. Acertou quem citou a agenda como principal meio de comunicação e interação entre o docente e os pais da criança.
É ali que estarão registrados acontecimentos do cotidiano, dificuldades e evoluções observadas, pequenos acidentes e machucados, tarefas de casa, questionamentos, informações diversas sobre a atividade do dia e dos próximos dias, e assim por diante. A aparência inofensiva desse registro, vamos convir, tem a função adicional de amenizar e até humanizar o relacionamento entre escola e família, não raro recheado de recadinhos carinhosos e até adesivos de flores e passarinhos...
Mas, por trás da aparente inocência, a agenda carrega em si um princípio fundamental do direito do consumidor: a transparência. Boas ou más notícias, atos praticados por professores, alunos e colegas, os quais podem gerar responsabilização legal, estarão registrados, com linguagem simples e usual, na agenda.
Situações que envolvem a saúde do aluno, por exemplo, são essenciais na comunicação com a família, sob pena de a omissão caracterizar culpa direta da escola. Seguem o mesmo sentido as questões disciplinares e até o aproveitamento pedagógico. Imagine um aluno reprovado sem que seus pais tivessem noção de que não estava aprendendo em sala de aula, para se ter uma ideia da insatisfação gerada por uma agenda incompleta.
Como uma espécie de prestação de contas, essa troca diária de recados gera proximidade e vínculo maior da instituição com os responsáveis pelo aluno, até por isso ficamos obrigados a responder e explicar as queixas que eventualmente chegarem a suas páginas. E, nas ocorrências mais sérias, como em um tribunal, a agenda escolar pode ser uma prova documental altamente relevante para apresentação ao juiz, objetivando eximir a escola de algumas responsabilidades ou comprovar o cumprimento efetivo de suas obrigações.
Nunca é demais lembrar que a agenda é um material de propriedade e posse do aluno, que a levará para casa todos os dias. Por isso, sempre que observada alguma situação fora do comum, é recomendável tirar cópia de suas páginas, em especial quando houver manifestações, queixas ou justificativas dos pais
Fonte:http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/colunistas-ge/celio-muller/1278-a-importancia-juridica-da-agenda-escolar
acessado em 12/11/2015