Pressupostos para a Gestão Escolar
1 - O gestor deve ser um pluralizador e orientador de ações.
Orientar ações, multiplicar ações tem que ver com papeis,
e entender o papel é saber o lugar que deve atuar como pessoa, como membro na escola. O gestor tem justamente
esse, também papel, mostrar, multiplicar, dividir trabalhos, localizar a pessoa
no sistema.
De
acordo com Lück:
[…]É do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto à
consecução eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento pleno
dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando todos os esforços
nesse sentido, e controlando todos os recursos para tal.
Devido sua posição central na escola, o desempenho de seu
papel exerce forte influência (tanto positiva, como negativa) sobre todos os
setores e pessoas da escola. É do seu desempenho e de sua habilidade em
influenciar o ambiente que depende em grande parte, a qualidade do ambiente e
clima escolar, o desempenho do seu pessoal e a qualidade do processo
ensino-aprendizagem (1981, p. 16-17).
Para um gestor alcançar ou desenvolver suas atribuições é
necessário um planejamento e esse planejamento não deve sair de um único
indivíduo e até nesse sentido entra o gestor, pois o diretor não planeja
sozinho e nem executa sozinho, cabe a ele saber gerir com sua equipe
administrativa, pedagógica e serviços gerais. Todos os participantes da escola
devem compor e aceitar, comprar as ideias para o bom andamento. Como diz
Campos: O planejamento estratégico é uma ferramenta que deve ser elaborada com
a participação e cooperação de todos que fazem a escola (2012, p. 82).
2 – A gestão deve ir além da
organização burocrática.
Em uma escola as decisões são fundamentais.
Em todos os âmbitos é necessário atenção e experiência para a tomada das
melhores decisões para um bom desenvolvimento da unidade escolar. A questão
burocrática da escola é necessária, mas segundo (BOCCIA, 2011) essa visão de
uma organização burocrática deve ser superada por parte do diretor da escola. O
diretor deve ter uma visão mais ampla com relação à resolução de problemas mais
complexos. Além desses problemas burocráticos, referente a atendimentos,
cumprimentos de prazos, determinações legais que são inerentes às instituições
de educação, o mesmo deve atender as necessidades apresentadas pelo estado,
pela sociedade e pela comunidade/localidade.
Espera-se de um diretor uma postura
que cabe a resolução dos problemas da escola além de uma pessoa que possa fazer
a interface entre estado e comunidade, seja diretor de escola pública ou
particular, pois em ambos os casos as escolas apresentam a mesma proposta que é
a formação continuada de gestores, professores e principalmente os alunos.
A cada dia tem sido mais complexo o
trabalho do diretor, e essa gestão democrática, em face das condições reais,
tornam-se cada vez mais complicada, e Boccia diz:
[…] Romper com entraves como a precariedade material, a
autonomia relativa do diretor, as dificuldades na gestão dos profissionais que
trabalham na escola, as resistências, os conflitos entre interesses locais e
determinações legais e entre concepções de educação e administração é o desafio
a ser ultrapassado pelo diretor, tornando-se necessária a busca de caminhos
para a compreensão do que realmente acontece na realização dessa tarefa (2011,
p.47).
O
diretor de hoje deve estar preparado para os desafios cada vez maiores. É uma
função prazerosa, principalmente quando os frutos são colhidos, frutos de uma
comunidade influenciada por uma escola regida por um diretor, ou melhor, uma
equipe gestora eficiente.
3 – A gestão de uma escola deve ser feita para e com a
comunidade.
O foco da escola é a excelência
educacional e na maioria das escolas o que ocorre é uma formação única e
exclusivamente acadêmica perdendo-se o foco de formação para a vida. Um típico
erro das escolas é o não estar preocupada em dar uma visão da comunidade ao
redor da escola e também uma visão de mundo. Essa visão não é só em nível de conteúdo,
mas de nível cultural também. Problemas sociais de todos os níveis estão a
acontecer ao redor de todas as escolas existentes e a escola deve preparar os
indivíduos para essas situações. Um detalhe importante deve ocorrer, a escola
deve inserir os alunos nesse cenário da comunidade, projetando e desenvolvendo
esses projetos de forma a mostrar na prática a realidade da comunidade ao redor
da escola.
Fazer uma gestão escolar para
comunidade tem que ver com uma gestão democrática, como Boccia diz que:
[…]o
diretor não tem o poder isolado, não pode fazer as opções e as escolhas que
avaliam como sendo as mais adequadas, ou que atendam aos interesses dos membros
da comunidade em que a escola está inserida (2011, p.48).
A comunidade deve ser uma parceira com a escola e isso
demonstra uma gestão democrática e escola-comunidade só tendem a ganhar, tanto
para estudantes como para os membros da comunidade.
A gestão democrática implica a participação de todos os
segmentos da unidade escolar, a elaboração e execução do plano de
desenvolvimento da escola, de forma articulada, para realizar uma proposta
educacional compatível com as amplas necessidade sociais (LUCK, 2000, p. 27).
A democratização da gestão vai trazer
a comunidade para a escola e os benefícios serão para ambos os lados, a formação
dos alunos a credibilidade da escola diante a comunidade e os benefícios para a
própria comunidade.
4 – A gestão de uma escola deve ter
planejamentos a curto, médio e longo prazo.
Podemos dizer que o planejamento é
um instrumento que serve para verificar a realidade, através de um sistema de
observação/avaliação analisando um referencial futuro. Esse planejamento deve levar em conta a
comunidade local e os fatores externos dessa comunidade. Por isso é necessário
conhecer a realidade da escola observando as atividades que ali são realizadas
para diagnosticar os problemas e levantar as possíveis soluções.
Esse planejamento a curto, médio e
longo prazo é dito planejamento estratégico. Esse planejamento é uma ferramenta
que deve ser elaborada com a participação e cooperação de todos que compõem a
escola.
Necessita-se primeiro definir em que
área aplicar-se-á esse planejamento, isso, dentro da realidade educacional de
cada escola. O que a gestão pretende? É número de alunos? É qualidade na
aprendizagem? É a aprovação no vestibular? Lembrando que apesar de não ser essa
a proposta dos PCN (Plano Curricular Nacional) da educação, é a prioridade da
maioria das escolas, seja pública ou particular.
Em seu livro “Gestão Escolar e
Docência”, Campos diz que a escola não se mantém apenas do seu nome, da sua
marca, da sua tradição ou do seu legado. É necessário definir a prioridade no
pedagógico, assegurando, assim a aprendizagem (2012, p. 78).
Se o objetivo é o pedagógico, o
planejamento deve estar voltado para esse propósito e deve estar bem
arregimentado para que toda a equipe participe desse fim.
5 – A gestão deve investir nos seus funcionários.
Ter uma equipe escolar centrada,
focada e determinada é o desejo de todo gestor escolar, pois ao trabalhar de
forma integrada com a equipe, os resultados poderão ser alcançados de maneira
eficiente.
Oliveira fala sobre a falta de participação e envolvimento
dos funcionários.
[…]participação
e envolvimento dos funcionários da alta, bem como da média administração, no
desenvolvimento do processo de planejamento estratégico, sem os quais esse se
tornará um trabalho exclusivo de um pequeno grupo de pessoas que, inclusive,
terá grande dificuldade de vender a ideia para a empresa como um todo. (2012,
p. 317).
Muitas vezes no ambiente escolar, os objetivos traçados no
planejamento não são alcançados e o que se necessita é de uma pessoa ou equipe capacitada
e nessa situação pode-se ocorrer um investimento na equipe ou funcionários
específicos, lembrando sempre que o objetivo de um gestor é que, sua equipe,
deve crescer igualitariamente, crescer juntos. Gestor que quer crescimento de
sua escola/empresa, seja qual for a área escolar, investirá em seus
funcionários, fazendo com que a equipe escolar cresça junto, para alcançar os
objetivos traçados em seus planejamentos.
Faz parte do planejamento
estratégico investir em pessoas. Investir
em gente é necessário planejamento, dedicação e principalmente atitude para
servir e formar. Pessoas capazes e motivadas é que inovam e que revolucionam a
empresa.
6 – A gestão escolar deve acontecer
de maneira integrada entre a coordenação pedagógica, e a orientação educacional:
Apesar de existirem funções específicas por parte dos membros
da equipe gestora, observa-se que, quando as ações se integram, o resultado
apresenta-se positivo em todos os aspectos, tanto relacional, quanto
integrador, organizado e cognitivo no sentido de alcançar com eficiência e
eficácia o processo educativo.
Segundo Lück (1981), quando se pensar em algum setor da
escola, deve-se pensar em suas relações com os demais setores, bem como com a
comunidade. Posições e medidas tomadas após essa conscientização por parte da
equipe gestora, terão melhores condições de ação coordenada e eficaz.
7 – O Gestor deve ultrapassar a visão
de que a escola se constitui em uma organização burocrática:
O gestor deve ter uma visão
integrada de gestão, conhecendo a escola como um todo, resolvendo problemas de
abrangência maior do que as tarefas burocráticas. De acordo com Boccia:
...
a escola, instituição complexa, de múltiplas facetas, traz em seu bojo
problemas e cobranças de diferentes instâncias e o diretor deve saber
administrar e resolver essas cobranças, desvinculando-se do caráter de tutelado
do Estado (BOCCIA, 2011, p.46).
Sua
administração deve ir além das instancias burocráticas, apesar desse ser também
o seu papel. Para Boccia (2011), o gestor deve também trabalhar pela sociedade
e comunidade do entorno da escola, visando em suas ações a parceria e o
envolvimento da comunidade.
8 – O gestor precisa ser visionário,
estar ligado às mudanças do mundo contemporâneo:
O mundo é dinâmico, esta em constantes modificações,
civilizações evoluem e decai, a cultura muda a partir da busca incessante do
ser humano, a sociedade, os processos, as tecnologias, tudo muda rapidamente.
Sendo assim, nossos gestores necessitam de ampla visão de mundo, ligados nos
acontecimentos, atualizado processos, normas, métodos...
Infelizmente, segundo Gomes (2009), a maioria de nossas
escolas é administrada com métodos arcaicos, baseados na chamada “era
Industrial” ou períodos anteriores a ela. Dirigentes educadores precisam renovar
seus espíritos empreendedores e aprender sobre o mundo novo em sua total
abrangência, inovando sempre.
Para Boccia (2011), o gestor deve conhecer as possibilidades
e concepções de administração, deve saber e possa fazer opções, assumindo uma
nova postura diante das situações que são e serão vivenciadas, que tenha
práticas gestoras condizentes com o que a escola atual precisa.
9 – Administrar ou gerenciar é estar
atento a possíveis crises:
Segundo Gomes (2009), a má
administração da mudança é que gera o problema, que não gerenciado, gera a
crise. Ela continua dizendo:
Uma
escola precisa ser amiga da mudança e não ter medo de correr riscos. O risco é
justamente a oportunidade de uma organização em superar os obstáculos, saindo
da linha da mediocridade e da acomodação. A crise é simplesmente um sintoma de
ineficiência gerencial (GOMES, 2009, p.3).
Em uma instituição com gestores comprometidos, a crise é
prevista, e administrada sem catástrofes. A crise é transformada em estratégias
de melhorias e processos são adotados para que esse momento não se repita. A
crise se torna uma oportunidade e não ameaça ou derrota. Esse modelo de gestão é chamado de Modelo de Gestão pela
Qualidade.
10 – O Gestor busca a Eficiência e a
Eficácia:
O gestor
quando busca a eficácia quando procura atingir os objetivos, fazendo as coisas
corretamente. A eficácia é a relação entre resultados alcançados e objetivos
planejados. Já a eficiência se configura quando o gestor e sua equipe usam os
recursos da melhor maneira possível no desenvolvimento dos projetos. As ações
que configuram os projetos eficientes buscam minimizar as perdas, alcançando os
resultados esperados.
Para
que se tenha uma gestão eficiente e eficaz, planejamento e controle devem ser
alinhados. A instituição que utilizar o planejamento para a tomada de decisões
certamente consumirá muito menos recursos para corrigir os resultados
indesejados e evitar enganos que possam conduzi-la à mortalidade empresarial
(COLOMBO, 2004, p.158 - 159).
A
eficácia e eficiência devem ser a meta de doto gestor a cada projeto elaborado.
Esse pensamento deve permear toda equipe, criando processos padronizados que
orientem as ações norteando cada procedimento.
Referencias:
BOCCIA, M. B. Os papeis
assumidos pelos diretores de escola. Jundiaí: Edições Pulsar, 2011.
COLOMBO, S. S... [et al.].Gestão educacional: uma nova visão.
Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 158 – 159. In: FERNANDES, Donizete.
Administração econômica.
GOMES, D. D. MBA
Educação: A gestão Estratégica na
Escola que Aprende. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.
LÜCK, H. Ação
integrada: administração, supervisão e orientação educacional. 13 ed.
Petrópolis: Vozes Ltda, 1981.
CAMPOS, C. M. Gestão Escolar e Docência. São Paulo:
Paulinas, 2010.
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