quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Pressupostos para a Gestão Escolar

Pressupostos para a Gestão Escolar


1 - O gestor deve ser um pluralizador e orientador de ações.

            Orientar ações, multiplicar ações tem que ver com papeis, e entender o papel é saber o lugar que deve atuar como pessoa,  como membro na escola. O gestor tem justamente esse, também papel, mostrar, multiplicar, dividir trabalhos, localizar a pessoa no sistema.
De acordo com Lück:

[…]É do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto à consecução eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando todos os esforços nesse sentido, e controlando todos os recursos para tal.
Devido sua posição central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influência (tanto positiva, como negativa) sobre todos os setores e pessoas da escola. É do seu desempenho e de sua habilidade em influenciar o ambiente que depende em grande parte, a qualidade do ambiente e clima escolar, o desempenho do seu pessoal e a qualidade do processo ensino-aprendizagem (1981, p. 16-17).

Para um gestor alcançar ou desenvolver suas atribuições é necessário um planejamento e esse planejamento não deve sair de um único indivíduo e até nesse sentido entra o gestor, pois o diretor não planeja sozinho e nem executa sozinho, cabe a ele saber gerir com sua equipe administrativa, pedagógica e serviços gerais. Todos os participantes da escola devem compor e aceitar, comprar as ideias para o bom andamento. Como diz Campos: O planejamento estratégico é uma ferramenta que deve ser elaborada com a participação e cooperação de todos que fazem a escola (2012, p. 82).

2 – A gestão deve ir além da organização burocrática.

            Em uma escola as decisões são fundamentais. Em todos os âmbitos é necessário atenção e experiência para a tomada das melhores decisões para um bom desenvolvimento da unidade escolar. A questão burocrática da escola é necessária, mas segundo (BOCCIA, 2011) essa visão de uma organização burocrática deve ser superada por parte do diretor da escola. O diretor deve ter uma visão mais ampla com relação à resolução de problemas mais complexos. Além desses problemas burocráticos, referente a atendimentos, cumprimentos de prazos, determinações legais que são inerentes às instituições de educação, o mesmo deve atender as necessidades apresentadas pelo estado, pela sociedade e pela comunidade/localidade.
            Espera-se de um diretor uma postura que cabe a resolução dos problemas da escola além de uma pessoa que possa fazer a interface entre estado e comunidade, seja diretor de escola pública ou particular, pois em ambos os casos as escolas apresentam a mesma proposta que é a formação continuada de gestores, professores e principalmente os alunos.
            A cada dia tem sido mais complexo o trabalho do diretor, e essa gestão democrática, em face das condições reais, tornam-se cada vez mais complicada, e Boccia diz:

[…] Romper com entraves como a precariedade material, a autonomia relativa do diretor, as dificuldades na gestão dos profissionais que trabalham na escola, as resistências, os conflitos entre interesses locais e determinações legais e entre concepções de educação e administração é o desafio a ser ultrapassado pelo diretor, tornando-se necessária a busca de caminhos para a compreensão do que realmente acontece na realização dessa tarefa (2011, p.47).

O diretor de hoje deve estar preparado para os desafios cada vez maiores. É uma função prazerosa, principalmente quando os frutos são colhidos, frutos de uma comunidade influenciada por uma escola regida por um diretor, ou melhor, uma equipe gestora eficiente.

3 – A gestão de uma escola deve ser feita para e com a comunidade.
            O foco da escola é a excelência educacional e na maioria das escolas o que ocorre é uma formação única e exclusivamente acadêmica perdendo-se o foco de formação para a vida. Um típico erro das escolas é o não estar preocupada em dar uma visão da comunidade ao redor da escola e também uma visão de mundo. Essa visão não é só em nível de conteúdo, mas de nível cultural também. Problemas sociais de todos os níveis estão a acontecer ao redor de todas as escolas existentes e a escola deve preparar os indivíduos para essas situações. Um detalhe importante deve ocorrer, a escola deve inserir os alunos nesse cenário da comunidade, projetando e desenvolvendo esses projetos de forma a mostrar na prática a realidade da comunidade ao redor da escola.
            Fazer uma gestão escolar para comunidade tem que ver com uma gestão democrática, como Boccia diz que:

[…]o diretor não tem o poder isolado, não pode fazer as opções e as escolhas que avaliam como sendo as mais adequadas, ou que atendam aos interesses dos membros da comunidade em que a escola está inserida (2011, p.48).

A comunidade deve ser uma parceira com a escola e isso demonstra uma gestão democrática e escola-comunidade só tendem a ganhar, tanto para estudantes como para os membros da comunidade.

A gestão democrática implica a participação de todos os segmentos da unidade escolar, a elaboração e execução do plano de desenvolvimento da escola, de forma articulada, para realizar uma proposta educacional compatível com as amplas necessidade sociais (LUCK, 2000, p. 27).

                A democratização da gestão vai trazer a comunidade para a escola e os benefícios serão para ambos os lados, a formação dos alunos a credibilidade da escola diante a comunidade e os benefícios para a própria comunidade.

4 – A gestão de uma escola deve ter planejamentos a curto, médio e longo prazo.
            Podemos dizer que o planejamento é um instrumento que serve para verificar a realidade, através de um sistema de observação/avaliação analisando um referencial futuro.  Esse planejamento deve levar em conta a comunidade local e os fatores externos dessa comunidade. Por isso é necessário conhecer a realidade da escola observando as atividades que ali são realizadas para diagnosticar os problemas e levantar as possíveis soluções.
            Esse planejamento a curto, médio e longo prazo é dito planejamento estratégico. Esse planejamento é uma ferramenta que deve ser elaborada com a participação e cooperação de todos que compõem a escola.
            Necessita-se primeiro definir em que área aplicar-se-á esse planejamento, isso, dentro da realidade educacional de cada escola. O que a gestão pretende? É número de alunos? É qualidade na aprendizagem? É a aprovação no vestibular? Lembrando que apesar de não ser essa a proposta dos PCN (Plano Curricular Nacional) da educação, é a prioridade da maioria das escolas, seja pública ou particular.
            Em seu livro “Gestão Escolar e Docência”, Campos diz que a escola não se mantém apenas do seu nome, da sua marca, da sua tradição ou do seu legado. É necessário definir a prioridade no pedagógico, assegurando, assim a aprendizagem (2012, p. 78).
            Se o objetivo é o pedagógico, o planejamento deve estar voltado para esse propósito e deve estar bem arregimentado para que toda a equipe participe desse fim.

5 – A gestão deve investir nos seus funcionários.

            Ter uma equipe escolar centrada, focada e determinada é o desejo de todo gestor escolar, pois ao trabalhar de forma integrada com a equipe, os resultados poderão ser alcançados de maneira eficiente.
Oliveira fala sobre a falta de participação e envolvimento dos funcionários.
[…]participação e envolvimento dos funcionários da alta, bem como da média administração, no desenvolvimento do processo de planejamento estratégico, sem os quais esse se tornará um trabalho exclusivo de um pequeno grupo de pessoas que, inclusive, terá grande dificuldade de vender a ideia para a empresa como um todo. (2012, p. 317).

Muitas vezes no ambiente escolar, os objetivos traçados no planejamento não são alcançados e o que se necessita é de uma pessoa ou equipe capacitada e nessa situação pode-se ocorrer um investimento na equipe ou funcionários específicos, lembrando sempre que o objetivo de um gestor é que, sua equipe, deve crescer igualitariamente, crescer juntos. Gestor que quer crescimento de sua escola/empresa, seja qual for a área escolar, investirá em seus funcionários, fazendo com que a equipe escolar cresça junto, para alcançar os objetivos traçados em seus planejamentos.
            Faz parte do planejamento estratégico investir em pessoas.  Investir em gente é necessário planejamento, dedicação e principalmente atitude para servir e formar. Pessoas capazes e motivadas é que inovam e que revolucionam a empresa.

6 – A gestão escolar deve acontecer de maneira integrada entre a coordenação pedagógica, e a orientação educacional:

Apesar de existirem funções específicas por parte dos membros da equipe gestora, observa-se que, quando as ações se integram, o resultado apresenta-se positivo em todos os aspectos, tanto relacional, quanto integrador, organizado e cognitivo no sentido de alcançar com eficiência e eficácia o processo educativo.
Segundo Lück (1981), quando se pensar em algum setor da escola, deve-se pensar em suas relações com os demais setores, bem como com a comunidade. Posições e medidas tomadas após essa conscientização por parte da equipe gestora, terão melhores condições de ação coordenada e eficaz.

7 – O Gestor deve ultrapassar a visão de que a escola se constitui em uma organização burocrática:

            O gestor deve ter uma visão integrada de gestão, conhecendo a escola como um todo, resolvendo problemas de abrangência maior do que as tarefas burocráticas. De acordo com Boccia:
... a escola, instituição complexa, de múltiplas facetas, traz em seu bojo problemas e cobranças de diferentes instâncias e o diretor deve saber administrar e resolver essas cobranças, desvinculando-se do caráter de tutelado do Estado (BOCCIA, 2011, p.46).

            Sua administração deve ir além das instancias burocráticas, apesar desse ser também o seu papel. Para Boccia (2011), o gestor deve também trabalhar pela sociedade e comunidade do entorno da escola, visando em suas ações a parceria e o envolvimento da comunidade.  

8 – O gestor precisa ser visionário, estar ligado às mudanças do mundo contemporâneo:

O mundo é dinâmico, esta em constantes modificações, civilizações evoluem e decai, a cultura muda a partir da busca incessante do ser humano, a sociedade, os processos, as tecnologias, tudo muda rapidamente. Sendo assim, nossos gestores necessitam de ampla visão de mundo, ligados nos acontecimentos, atualizado processos, normas, métodos...
Infelizmente, segundo Gomes (2009), a maioria de nossas escolas é administrada com métodos arcaicos, baseados na chamada “era Industrial” ou períodos anteriores a ela. Dirigentes educadores precisam renovar seus espíritos empreendedores e aprender sobre o mundo novo em sua total abrangência, inovando sempre.
Para Boccia (2011), o gestor deve conhecer as possibilidades e concepções de administração, deve saber e possa fazer opções, assumindo uma nova postura diante das situações que são e serão vivenciadas, que tenha práticas gestoras condizentes com o que a escola atual precisa.

9 – Administrar ou gerenciar é estar atento a possíveis crises:

            Segundo Gomes (2009), a má administração da mudança é que gera o problema, que não gerenciado, gera a crise. Ela continua dizendo:

Uma escola precisa ser amiga da mudança e não ter medo de correr riscos. O risco é justamente a oportunidade de uma organização em superar os obstáculos, saindo da linha da mediocridade e da acomodação. A crise é simplesmente um sintoma de ineficiência gerencial (GOMES, 2009, p.3).

Em uma instituição com gestores comprometidos, a crise é prevista, e administrada sem catástrofes. A crise é transformada em estratégias de melhorias e processos são adotados para que esse momento não se repita. A crise se torna uma oportunidade e não ameaça ou derrota. Esse modelo de  gestão é chamado de Modelo de Gestão pela Qualidade.

10 – O Gestor busca a Eficiência e a Eficácia:

O gestor quando busca a eficácia quando procura atingir os objetivos, fazendo as coisas corretamente. A eficácia é a relação entre resultados alcançados e objetivos planejados. Já a eficiência se configura quando o gestor e sua equipe usam os recursos da melhor maneira possível no desenvolvimento dos projetos. As ações que configuram os projetos eficientes buscam minimizar as perdas, alcançando os resultados esperados.

Para que se tenha uma gestão eficiente e eficaz, planejamento e controle devem ser alinhados. A instituição que utilizar o planejamento para a tomada de decisões certamente consumirá muito menos recursos para corrigir os resultados indesejados e evitar enganos que possam conduzi-la à mortalidade empresarial (COLOMBO, 2004, p.158 - 159).

A eficácia e eficiência devem ser a meta de doto gestor a cada projeto elaborado. Esse pensamento deve permear toda equipe, criando processos padronizados que orientem as ações norteando cada procedimento.

 Referencias:

BOCCIA, M. B.  Os papeis assumidos pelos diretores de escola.  Jundiaí: Edições Pulsar, 2011.

COLOMBO, S. S... [et al.].Gestão educacional: uma nova visão. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 158 – 159. In: FERNANDES, Donizete. Administração econômica.

GOMES, D. D.  MBA Educação: A gestão Estratégica na Escola que Aprende.  Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.

LÜCK, H. Ação integrada: administração, supervisão e orientação educacional. 13 ed. Petrópolis: Vozes Ltda, 1981.

CAMPOS, C. M. Gestão Escolar e Docência. São Paulo: Paulinas, 2010.

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