sábado, 5 de janeiro de 2013

A sua escola é inteligente?


20/12/2012 06/01/2013
A sua escola é inteligente? 
Marcelo Freitas 

Tenho visto muitos gestores de escolas tentando “apagar incêndios” todos os dias, em um interminável trabalho operacional. Muitos deles o fazem proativamente, mas na grande maioria das vezes é apenas um esforço reativo às mudanças no ambiente organizacional. Além de comprometer recursos e aplicá-los de maneira inadequada, respondendo a um movimento da concorrência ou à mudança no perfil dos clientes, a escola reativa é aquela onde não se consegue vislumbrar um horizonte de chegada.
O “X” da questão é que isso acontece porque os gestores raramente se utilizam de maneira eficaz do conjunto de dados e das informações subliminares que eles escondem. Com o advento dos sistemas informatizados e das redes de relacionamento na internet, a possibilidade de acesso a essas informações é cada vez maior. Entretanto, para extraí-las e transformá-las em conhecimentos e estratégia de atuação, é necessário garimpar, ou seja, é preciso entender o que esses [dados] estão dizendo.
Daí o surgimento do que se convencionou chamar de Inteligência Competitiva. Ou ainda Inteligência Estratégica. O seu conceito nos remete à atividade de coletar, organizar, analisar dados e informações, culminando na incorporação de conhecimento sobre os concorrentes e o ambiente em geral, sempre de maneira ética e legal. É pela utilização das práticas de Inteligência Competitiva que os gestores conseguem “ler nas entrelinhas” dos dados, páginas da internet e contatos em geral. É possível identificar, ou deduzir, qual a estratégia do concorrente, para onde os ventos do mercado estão soprando – e, com isso, se antecipar às mudanças.
A maioria dos gestores, entretanto, trabalha apenas com os dados brutos, aqueles sobre os quais não se retira nenhum tipo de análise mais apurada. A utilização de um sistema de Inteligência Competitiva visa, portanto, transformar dados em informações e essas em inteligência de gestão. Ou seja, informações estratégicas capazes de direcionar movimentos estratégicos diante da concorrência e do ambiente organizacional.
Imagine a quantidade de informações que se pode extrair dos dados armazenados na secretaria da escola. E daqueles colhidos nos sites dos concorrentes? O que me dizem então, das redes sociais, uma inesgotável fonte de informações e perfil de comportamento?
Com a aplicação da Inteligência Competitiva as decisões tornam-se mais focadas, permitindo a aplicação dos recursos de maneira mais assertiva e tornando, assim, os movimentos estratégicos realmente eficazes. E não somente isso. Imagine utilizar os dados e informações coletados pelo sistema de Inteligência para subsidiar o andamento das aulas, no seu dia a dia, tornando-as atualizadas em tempo real.
Nas últimas duas décadas foram criados os conceitos de armazém de dados (data warehouse), mineração de dados (data mining), CRM (customer relationship management) e outros visando a obtenção, extração e análise de dados. Esses conceitos, entretanto, são apenas parte do processo. É importante ainda olhar para fora da organização, para as ações dos concorrentes, as alterações na legislação do setor, as inovações tecnológicas, movimentos da economia, enfim, tudo que ajude a antecipar ações de neutralização dos competidores ou de antecipação a movimentos do ambiente.
Ao me deparar com gestores educacionais, que sempre questionam e se lamentam de circunstâncias adversas, digo a eles que, na maioria das vezes, tais situações-problema eram previsíveis para aqueles atentos ao ambiente competitivo. Bastaria se utilizar de alguma ferramenta de Inteligência para se chegar às informações necessárias.
É fato que os produtos educacionais estão vivendo um momento crítico em todo o mundo, em virtude das mudanças aceleradas e da consequente alteração nos paradigmas que regem a sociedade atual. Conhecer os movimentos da concorrência e do mercado nunca foi tão importante para produzir inovações. Uma sociedade que demanda novas formas de ensinar e aprender, capazes de acompanhar o ritmo alucinante das mudanças globais, não pode se apoiar num modelo exaurido.
É por essas e outras razões que, nos processos de reestruturação e planejamento estratégico de escolas e redes educacionais que conduzimos, procuramos dar ênfase aos sistemas de informação e inteligência. Acreditamos que é com o auxílio deles que os movimentos estratégicos e inovações devem se sustentar.
E você caro gestor, responda com sinceridade: a sua escola é inteligente?

Matéria publicada na edição de outubro da revista Gestão Educacional.

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